Gays envelhecentes: corpo e sexualidade

A sugestão da palavra envelhecente veio de um conhecido residente no sul do Brasil. Ele define a velhice, não como uma coisa ruim, mas como uma coisa boa de ser vivida em sua plenitude. Envelhecente  é um homem maduro caminhando para a velhice.

Os sociólogos e antropólogos que me desculpem, mas aos cinquenta e três anos de idade eu afirmo que a sociabilidade dos gays na melhor idade se tornou mais visível nos últimos anos, além de trazer muitos benefícios às comunidades homossexuais e classes de gays em geral, exceto às classes sociais menos favorecidas (vou falar sobre isso noutro artigo).

Eu posso estar errado, mas tenho a impressão de que a velhice dos gays não é aquele monstro que sempre pintaram. Os gays da atualidade, principalmente, dos grandes centros urbanos vivem uma velhice não vitimizada, ativa, orgulhosa e muito sexualizada e isso não contrasta em nada com a imagem convencional da crise do envelhecimento do corpo, da depressão, do isolamento social, das doenças e da solidão.

Os gays maduros e idosos que sempre referencio são homens sem afetação, mais discretos e viris que tem saúde, disposição física, apresentação pessoal e dinheiro suficiente para frequentar espaços de sociabilidade homossexual, encontrar amigos, beber, se divertir e também tentar a sorte na paquera.

Outro dia o Paulo Azevedo me lembrou dos “entendidos”. Eu defino os entendidos como um tipo de personagem público dos anos 60 e 70, homens que valorizavam a aparência masculina e procuravam desvincular suas vivências de homossexualidade das convenções de afetação, afeminação e papel exclusivamente “passivo” no ato sexual – Paulo se eu estiver errado pode corrigir.

Os entendidos se transformaram nos coroas da atualidade e isso é muito bom a começar pelas   concepções e práticas relacionadas a um envelhecimento positivo, que enfatiza as vantagens e enriquecimentos que a maturidade traz.

Outro dia um vizinho de setenta e oito anos me disse estar num “affair” com outro homem de cinquenta anos – Isso desmistifica o mito da “velhice assexuada”.

Hoje o processo de envelhecimento é ambivalente, pois envolve tanto perdas inevitáveis como novos campos de possibilidades. Também, envelhecer é um processo inevitável, com decorrentes limitações físicas, algumas manejáveis, outras não.

Os gays envelhecentes se sentem mais jovens do que as pessoas que os observam no cotidiano e tem a mesma faixa de idade. Esses gays são das modernas “culturas gays”, com novos discursos e imagens mais positivas do envelhecimento.

A sexualidade para os gays maduros é algo mais morno, porque a maturidade traz tranquilidade, inclusive no desejo sexual, mas não deixa de ser procurada e desejada.

Outro ponto importante é o grande senso de observação do próprio corpo e o impacto que o corpo tem nas questões sociais, tanto com amigos quanto em encontros de parceiros para o sexo.

Os sinais de envelhecimento corporal são observados e investigados com cuidado. Todos os gays se assumem como vaidosos, ainda que com sinais próprios da idade. Rugas, queda de cabelos, bolsas nos olhos, flacidez nos membros, gordura, barriga, nádegas murchas, dificuldades de manter ereção são todos motivos de lamento e preocupação, mas não de conformismo.

O cuidado com a saúde é outro ponto forte. Consultam médicos regularmente e adotam, de modo geral, as prescrições médicas com vistas a lidar com a saúde. São adeptos de dietas, com diminuição ou eliminação do consumo de café, açúcar, cigarro, álcool, refrigerante e gorduras, além de praticarem caminhadas regulares para queimar calorias, mesmo não sendo adeptos fervorosos de práticas esportivas.

A frase a seguir pode parecer agressiva, imprópria ou obscena, mas traduz em duas linhas o que pensa um gay envelhecente de sessenta anos.

 Enquanto eu gozar de boa saúde quero dar tudo o que tenho, inclusive, o rabo e o caralho.

Quando as doenças chegarem eu estarei satisfeito para não precisar tomar banho de assento e gozar com o dedo enfiado no cu.

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9 comentários em “Gays envelhecentes: corpo e sexualidade

  1. Régis: amar ao proximo em hebraico é amar o diferente, se todos aqui do blog pensásemos
    iguais nâo nos acrescentaria nada, todos estaríamos num mesmo patamar ke bom que vc
    pensa assim….
    Ricardo aqui é um espaço democrático, todos somos livres queremos agregar conhecimentos, espero a cada dia mais e mais gente opinando…. isso é evoluir….

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  2. Gosto é assim e é boa terapia…mas sozinho é ruim, é solidão, sofrimento, etc…mas estou precisando de alguém…e até hoje estou esperando para encontrar e quero companheiro…

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    1. carlos alberto:
      Pense em solitude, procure definições para esta palavra.
      Ouço muito: EU PRECISO DE UM COMPANHEIRO
      Isso é bíblico: Ama-te ao próximo como a si mesmo. ok

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  3. Discordo totalmente! Primeiro, que ser gay não é apenas o que é apresentado positivamente aqui, como se outros fossem negativos. O texto valoriza em demasiado o gay “viril”; “Os gays maduros e idosos que sempre referencio são homens sem afetação, mais discretos e viris que tem saúde, disposição física, apresentação pessoal e dinheiro suficiente para frequentar espaços de sociabilidade homossexual, encontrar amigos, beber, se divertir e também tentar a sorte na paquera.”. , e eu pergunto: Como ficam os outros que não se encaixam nesse seu parâmetro um tanto reacionário e até mesmo chocante por que você diz que “referencia”…Como ficam os/as afeminados/as? Devem ser condenados à invisibilidade exatamente como a sociedade heterossexista fez com @s LGBT’s durante décadas? Direitos devem ser apenas para quem pode comprá-los e para quem é “masculino” ou “viril”??? Me poupe! Essa visão retrógrada mudou faz tempo. Esse otimismo falso tenta é encobrir uma dolorida verdade, onde muitos gays idosos são OBRIGADOS a voltarem para o armário, apenas por que envelheceram e precisam de cuidados de terceiros ou em asilos. Sugiro a leitura imediata dos textos de CRISTIAN PAIVA , professor emérito da Universidade Federal do Ceará e o de Murilo Peixoto Mota, Homossexualidade e Envelhecimento – Bem como os artigos de Neto Lucon que é um conceituado jornalista e fez amplo trabalho de levantamento e vivências de gays idosos em asilos de São Paulo – SP.
    Ser gay não significa somente ser “entendido”, isso é apenas uma pequenissima parcela do que esta população abrange. Não adianta nada apenas um elite dentro de uma minoria preconceitualizada ter direitos, direitos devem ser para todos e todas LGBT’s e não existe essa forma de comportamento ideal, “viril”, isso é justamente fazer o jogo da sociedade heterossexista, homofóbica, machista, fundamentalista e inimiga de todos os gays.

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    1. Ricardo

      Este artigo é justamente sobre essa pequenissima parcela do que esta população abrange. As elites existem dentro de todas as sociedades, inclusive a homossexual.

      No blog dedico espaço para todos os assuntos: Negros, judeus, orientais, pobres, gays de rua, deficientes físicos e por ai vai.
      Procure no blog e você encontrará as respostas para todas as suas referências sobre asilos, direitos LGBT, violência e exclusão social.

      Eu sabia que este artigo seria polêmico com prós e contras. Que bom que o primeiro comentário começou contra.

      abraços
      Regis

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    2. À medida que o tempo passa, gays do sexo masculino — como de resto todos os homens — alcançam a maturidade psíquica em consonância com a maturidade física.O comportamento promíscuo e a busca por parceiros eventuais, na noite das metrópoles, ficam para trás, presentes apenas nas lembranças acerca do ser que fomos quando éramos jovens. Entretanto, como o idoso Santiago do belo romance O Velho e o Mar, de Ernst Hemingway, talvez consigamos encontrar na fase “envelhecente” de nossa existência ou mesmo na velhice, algo equivalente ao merlin raro e gigantesco que ele pescou com muita perseverança e esforço: um ser humano que seja para nós, simultaneamente, amigo, amante e alma gêmea, seja na cama ou no dia a dia trivial de nossas vidas.

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    3. Na homossexualidade existe o lado bom e o lado desprezível, embora perfeitamente explicável, de travestis que atacam com gilete ou navalha seus paqueras.Também existem os michês que furtam e matam seus clientes em seus domicílios.Esses párias contribuem para a homofobia de muitos. Quanto aos homossexuais doentes e sem recursos em hospitais e asilos, esses mesmos hospitais e asilos também estão apinhados de velhos heterossexuais, párias sociais ignorados pelos familiares..Você é um extremista homo, espécie de Bin Laden da homossexualidade radical e isso é lamentável.

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