Caro leitor, estou de volta para mais um ano de atividades, após mais um mês em isolamento na minha chácara no interior.
A minha vida não é perfeita, mas na medida do possível faço o melhor diariamente para viver tranquilo e sem exageros. Obviamente, ter um parceiro ajuda muito porque compartilhar a vida a dois sem tirar a liberdade um do outro não é tarefa fácil.
E saber que os gays em geral desde a juventude buscam parceiros para sexo e no decorrer da vida percebem que o vazio das relações leva à busca por parceiros fixos e dai vem o medo de não conseguir uma relação estável.
Eu não entendia porque os gays buscam parceiros para relacionamentos até me deparar num vazio existencial. Os seres humanos precisam de pessoas no seu cotidiano, com ou sem sexo, com ou sem amor. O padrão heterossexual homem/mulher é modelo para o padrão homem/homem.
Nesses quase 62 anos de vida, eu presenciei gays de todas as idades buscando um companheiro e a probabilidade disso acontecer passa necessariamente por muitas concessões porque somos diferentes do padrão.
O medo de ficar sozinho aumenta com a idade talvez por insegurança e gera mais medo e frustrações.
Todos os gays sem excessão acumulam ao longo da vida os traumas psicológicos de serem diferentes, são experiências únicas e cada um assimila de uma forma diferente.
A necessidade de ter uma relação estável gera efeitos colaterais, submissão, concessões e ao longo do relacionamento novas concessões aparecem porque ambos amadurecem e têm novas perpectivas sobre a vida.
O medo de não ter uma relação estável leva a comportamentos absurdos e a frustração gera atitudes fora do padrão, como insistir num relacionamento que não há afinidades. Tem gente que chega a ser pedante, grudenta e sem escrúpulos.
Sem contar aqueles que se sentem diminuídos, feios, fora dos padrões de beleza. Outros por apresentarem defeitos de fábrica muitas vezes imperceptíveis. Infelizmente a parte física prevalece mas uma relação é composta por muitas variáveis e o físico é parte do pacote.
O mais interessante neste assunto é que muitas vezes se joga fora a oportunidade de uma relação por simples questão de vaidade, pois todos idealizam relações fantasiosas com o homem mais bonito, gostosão, financeiramente estável e independente e no mundo real isso não funciona.
O que constrói uma relação é paciência, tempo e dedicação ao outro, mas sem exageros. Se houver sentimento e tesão já é meio caminho para o relacionamento e não importa se o parceiro tem vida simples ou que não seja um Einstein, o importante é o ser humano por trás dos esteriótipos.
Também, a reciprocidade é o motor para a manutenção do relacionamento e isto é o bicho papão que gera o medo pois nem sempre se está aberto a aceitar o outro como ele é e não como gostaríamos que fosse. Os defeitos devem ser vistos como naturais e a convivência molda a relação entre duas pessoas.
Portanto, quem é exigente vai penar e o tempo passará, até o momento quando não existirem mais opções e ai tem gente que atira para qualquer lado.
É sabido que o medo predomina entre os gays maduros e os idosos por conta da proximidade do fim da vida e ninguém quer morrer sozinho, mas todos morrem sozinhos porque não existe mágica, mesmo os que tem companheiros.
Enfim, cada ser humano tem a sua história e as relações acontecem de forma diferente para cada um e nem sempre o que deu certo para mim vai dar para o outro e vice-versa.
Vida que segue e na esperança de breve voltar a socializar para encontrar os companheiros para uma relação estável, ou não. 🤓