Não sou gay, bi ou hétero, quem sou eu?

Caro leitor, falar em sexualidade humana não é fácil, porque o que é normal para a maioria da população brasileira é ser heterossexual. Aproximadamente 88% da população.

Um levantamento recente e inédito conduzido por pesquisadores da Unesp de Botucatu e da USP e publicado na revista científica Nature Scientific Reports apresentou resultados surpreendentes.

O estudo buscou mapear a diversidade sexual e de gênero no país, designada pela sigla ALGBT, a partir de uma amostra representativa da população brasileira. Os questionários foram realizados pela equipe do Instituto Datafolha, entre novembro e dezembro de 2018.

Em 2019, o IBGE conduziu a primeira coleta de dados sobre orientação sexual. No levantamento, 1,8% da população adulta se declarou homossexual ou bissexual. Entretanto, o instituto não levantou dados sobre aspectos de identidade de gênero, o que envolve categorias como pessoas trans e não-binárias. Tampouco foram levantadas informações sobre outros comportamentos sexuais, como a assexualidade. O IBGE diz que tais resultados têm caráter ainda experimental e que ainda estão sendo conduzidos estudos para aprimorar a metodologia de coleta. Os dados coletados pelo IBGE foram divulgados em maio de 2022 e, desde então, não houve novas pesquisas.

No levantamento feito na UNESP em 2018, foram identificadas as seguintes condições de identidade de gênero:

  1. Transgêneros – 0,68%:
  2. Lésbicas – 0,93%
  3. Não-binários – 1,18%
  4. gays – 1,37%
  5. Bissexuais – 2,12%
  6. Assexuais – 5,76%

Com base nos resultados acima, conclui-se que este grupo corresponde a 12% da população brasileira.

Quebrando todos os tabus, o estudo indica que gays e lésbicas não são maioria da população LGBT e que pessoas assexuais até então ignoradas ou invisíveis predominam a identidade de gênero das minorias.

Assexual é a condição do ser humano que não tem atração sexual por outra pessoa, seja ela parcial, condicional ou total.

É importante notar que o levantamento foi feito com base na diversidade sexual e de gênero. Quando se fala de diversidade, não se refere apenas à identidade de gênero ou a orientação sexual, por exemplo, e sim a práticas e identidades que fujam dos padrões binários e cis-hétero-normativos.

Entretanto, a assexualidade não se enquadra nem em orientação sexual, nem em identidade de gênero. Embora ainda haja discussões sobre como enquadrar esta expressão sexual, ela é situada no campo da diversidade. O responsável pela pesquisa destacou que esse grupo é invisibilizado, mesmo nas discussões da comunidade LGBT, e que merece ser mais bem compreendido. Vivemos em uma sociedade que cultua muito a imagem e a sexualidade, principalmente para os jovens. Então, como a erotização está muito presente, imagino que as pessoas tendem a ocultar uma forma de experimentar a sexualidade que é distinta.

Na pesquisa, os entrevistados também podiam responder se já experimentaram atração sexual em algum momento da vida ou se nunca conheceram este sentimento. Para surpresa dos autores, esse questionamento mostrou que as pessoas consideradas assexuais correspondem ao maior percentual de indivíduos dentro da comunidade LGBT: o equivalente a cerca de 9,5 milhões de pessoas adultas em 2018, ano do levantamento.

Pois é, cada dia de vida é um novo aprendizado, pois quando li a reportagem pela primeira vez eu estava incrédulo porque sempre ouvia dizer que os gays e lésbicas eram a maioria e nos dias atuais se fala tanto em trans e que representa apenas pouco mais de 10% dos assexuais.

Os assexuais não se apresentam para a sociedade, são invisíveis e estão literalmente no armário e não pretendem sair porque dizer que não tem atração sexual por outro ser humano é o pior dos mundos.

Dentre os resultados, as mulheres representam a maioria das pessoas consideradas assexuais pelo estudo, correspondendo a 93,5% do grupo. Porém, o levantamento também apontou que, em 82,3% dos casos, mulheres assexuais informaram já ter sentido atração sexual. Já 1,1% dos entrevistados, entre homens e mulheres, apontaram nunca ter sentido atração sexual.

A pesquisa também demonstrou que a comunidade ALGBT está distribuída de maneira regular ao longo das regiões do Brasil. Além disso, não há grandes diferenças entre a quantidade de pessoas nas capitais e no interior. Essa constatação contrariou a suposição inicial dos pesquisadores, que acharam que encontrariam uma maior diversidade sexual e de gênero nas capitais.

Há que se considerar a assexualidade entre a população idosa, pois o envelhecimento causa diversos transtornos psicológicos e por consequência a total falta de desejo sexual por outra pessoa.