O clube dos chupadores de rola

Caro leitor, entramos na terceira década do século XXI, e os velhos hábitos retornam repaginados e com status de novidade.😲

Chupar uma rola é tão comum quanto chupar um sorvete 🍦

Existem diversas situações que permitem aos adoradores de pica chupar, lamber e babar num cacete.😋

O mais comum é arranjar um parceiro que goste de ser chupado, porque muitos gays não gostam de penetração e preferem as lambeções ao contato corporal.

Nessa situação geralmente os parceiros se encontram entre quatro paredes de uma casa, apartamento, quarto de hotel ou dentro de um carro. Há casos específicos de encontros em matagal ou locais ermos e abandonados. Em qualquer desses locais chupar um pau é um exercício de puro prazer.

Outra situação já não tanto comum e que fez sucesso nas últimas décadas do século XX, é chupar pau dentro de banheiros públicos ou cinemas de pegação. Eu digo fez porque cinemas de rua estão em extinção e banheiros públicos estão super vigiados.

Nessa situação os parceiros são variados e desconhecidos, é apenas uma boa chupada e fim de papo.

Os chupadores são mais comuns em filmes pornô de plataformas de Streaming e canais pagos como Only fans, entre outros. Chupar cacete para monetizar é o mais comum e por incrível que pareça os voyers de plantão não gostam de ver chupadas e preferem penetração. Esse é um dos motivos de dezenas senão centenas de contas privadas que não monetizam, pois apresentam fotos expondo cacetes, pequenos vídeos de masturbação e quando tem um segundo parceiro em geral é boquete.

Na categoria de promiscuidade coletiva hoje existem os clubes de chupadores. São as antigas saunas que hoje são figurinhas quase extintas que se transformaram em clubes privês, ampliaram a gama de serviços, exceto a sauna que requer estrutura própria e cuja manutenção é dispendiosa.

Os clubes de sexo do século XXI são bares fechados que oferecem além das bebidas, drogas e dark room, também, espetáculos coletivos de sexo grupal onde predominam os chupadores de cacete.

A frequência são de jovens entre 20 e 40 anos de idade que não tem nenhum cuidado com higiene porque estão dopados ou alcoolizados para enfrentar uma maratona de vários parceiros durante um dia. Em geral a permanência dos gays nesses locais é de 8 a 10 horas/dia.

As redes sociais estão repletas de grupos de chupadores que até marcam eventos para praticar o seu hobby favorito. Chupar um pau. Se for grande e grosso melhor ainda. Existe até seleção de homens dotados para cada ocasião e selecionam até homens por cor de pele.

Os gays maduros e idosos adeptos desse hábito preferem locais reservados e não gostam de grupos de homens. São praticantes assíduos, mas restringem a participação de apenas um parceiro.

Quando entramos neste mundo temos a impressão que os gays da atualidade não gostam de penetração, nem ativo nem passivo, apenas chupador ou lambedor de pica.

Para os gays mais velhos isso é estranho porque chupar um pau sempre foi uma preliminar do sexo e não o motivo principal. Quem chupa não está preocupado com o seu prazer e sim em dar prazer ao outro até a ejaculação. Eis o principal motivo de um indivíduo chupar vários homens durante um dia.

Em São Paulo, existem a Chilli e a Dédalus como ponto de referência para a prática dessa modalidade de sexo. Inclusive, a última recentemente inaugurou um Mamódromo. Sim um local próprio para a prática dessa atividade.

Estou finalizando este texto e mais um clube de sexo abriu as portas dia 8 de fevereiro. WiVI bar interativo na Rua Bento Freitas 296

Enfim, cada um com seus gostos e preferencias,

Gay é o viado de ontem e de hoje

Há muito tempo os próprios gays ressignificaram a palavra viado e adotaram outros termos para defini-los, mas mesmo depois de quase um século ou mais, a palavra ainda faz parte do vocabulário homofóbico dos heterossexuais, crianças, jovens e adultos.

“Coisa de viado”, ainda é muito usado em comentários em rodas de conversa e nas mesas de bar. “Para de viadagem”, também é uma derivação comum, assim como atribuir a qualquer ação que fuja do estereótipo de machão como sendo de bicha, boiola, baitola etc.

É uma brincadeira, ensinada desde cedo nas escolas e cujo objetivo foi e continua sendo minimizar o que foge à regra da masculinidade tradicional. Aprende-se sobre o “viadinho” desde cedo. Não há um consenso sobre como o animal veado passou a representar homossexuais no português brasileiro. Alguns acreditam que seja por associação às palavras “transviado” ou “desviado” (aquele que foge à normalidade).

Alguns registros em livros acadêmicos indicam que viado tem a ver com policiais do Brasil colonial e o hábito que tinham de perseguir veados e viados, ambos os grupos correndo dos oficiais “aos saltos”. A versão mais popular, entretanto, dá conta de que o veado representa a 24ª dezena no jogo do bicho e, por isso, seria associado aos homens gays.

Se você, assim como eu, demorou anos para entender por que o numero 24 corresponderia a algo gay, a resposta é “simples”: a sonoridade do número se assemelha a “vim de quatro”, algo que, na cabeça dos heterossexuais, parece ser atribuída única e exclusivamente a gays. Existe ainda a noção de que o 11 tenha efeito parecido, uma vez que simbolizaria “um atrás do outro”. Ainda assim, só o 24 tem desempenhado esse papel na cultura brasileira de forma tão forte que é igualmente recusado por jogadores de futebol e por pessoas que, por anos, não aceitam utilizar este número.

Os gays da minha geração e os mais jovens acreditam que as pessoas conservadoras, evangélicas que defendem a família e Deus é quem mais viola os direitos dos gays. Isso você vê em rede social sem nenhum filtro. Mas, a sociedade brasileira tanto conservadora como progressista são preconceituosas contra as minorias e viado é dito sem nenhum pudor. Ao ouvir a pronúncia da palavra tenho sempre a impressão de quem fala é uma pessoa sem educação.

Eu me recordo que na época da ditadura já na década de 1970, muitos ativistas de esquerda lutavam contra a opressão de classes e consideravam homossexualidade como um produto decadente da burguesia, que sumiria com o socialismo. As lutas de pautas identitárias eram vistas como secundárias, ao que fragmentava as classes trabalhadoras e desviava o propósito maior e o viado não podia aparecer nas lutas.

Caro leitor, eu estive na Rússia e desde a época de Joseph Stálin até os dias atuais o tratamento aos gays ainda há muito a ser feito apesar de poucos progressos, nossos direitos não foram só colocados em segundo plano como amplamente violados. Tanto lá como aqui viado é viado.

Enquanto a direita acena pautas como “ideologia de gênero” e “kit gay” para barganhar nossos direitos em troca de apoio eleitoral, grande parte de quem se diz da esquerda também parece manter malabarismos teóricos e colocam demandas da comunidade LGBT como secundárias.

O objetivo deste texto não é tanto implicar com o emprego do termo “viado”, que assim como outras expressões semelhantes já foi há muito ressignificadas pelos próprios gays, mesmo que quando dito por pessoas de fora da comunidade LGBT ainda carregue um sentido inegavelmente pejorativo. Mas até que ponto estamos condenados a aceitar que piadas homofóbicas sejam ditas e repetidas ao longo da história? Até quando estaremos em segundo plano, seremos motivo de risada ou parâmetro de desmerecimento?

Durante algum tempo eu nunca me importei com os termos pejorativos aplicados aos gays, mas com o passar dos anos tudo ficou muito chato e sem sentido, até mesmo todos os tipos de homofobia, principalmente as verbais.

Da mesma forma que precisamos ser antirracistas em uma sociedade que teima em insistir no genocídio da população negra, para mudarmos os tristes números de violência contra a comunidade LGBT, também precisamos lutar contra todos os preconceitos. E isso inclui ter a coragem de repreender o emprego de termos como “viadinho” ou “coisa de viado”. Veja, atualmente os baianos resgatados em Bento Gonçalves sofreram com xenofobia.

Este texto surgiu depois de acompanhar as redes sociais, principalmente, o Twitter que é um repositório de negações onde todos se agridem e se ofendem, onde todos estão com a razão e o ódio impera em mais de 80% das contas particulares. Todos se sentem no direito de criticar, poucos apoiam idéias e a minoria como os gays são humilhados publicamente porque ser viado não lhes dá o direito de defesa.

Aos 64 anos percebo que pouca coisa mudou e o gay é o viado de ontem que continua sendo o viado de hoje.

Mensagem aos gays solitários

Caro leitor, desejo a você um feliz ano novo com muitas realizações e que 2022 seja pleno e quem sabe com o controle da pandemia que nos confina há mais de dois anos.

Deixo para você o texto de Julián Fucks

Penso em vocês, não sei por que penso em vocês. Penso nos que vivem hoje um silêncio denso, os que ouvem os ruídos do próprio corpo, os que abrem a janela para sentir no rosto o vento. Ouço de muitos que, contra toda expectativa, tiveram que manter o isolamento ou se isolar de novo, sintomáticos, apreensivos, alertas, ouço de alguns que vivem dores em destempo.

Penso em vocês, nos que hoje dispõem sobre a mesa um único prato, ou menos pratos do que gostariam num dia festivo, penso nos que não erguem brindes a ninguém, nos que extraviam o olhar no vazio ouvindo conversas inexistentes. Não estou só, mas, contra a minha própria expectativa, deixo meu pensamento vagar campo afora até vocês.

Ninguém nunca está só, dizem os incapazes de sentir a solidão na própria pele. Sentem mal, mas dizem bem: é verdade que ninguém nunca está só, que não há solidão em parte alguma, que os outros nos habitam nas profundezas. Repare, veja como seu corpo guarda a memória dos toques alheios que alguma vez recebeu, dos abraços estreitos, dos dedos sobre o antebraço, dos incontáveis choques de bochechas, dos beijos nos lábios.

Tudo é alcançável, ainda que em ínfima medida, no instante presente. Veja como a memória age incessantemente: você lê estas palavras e elas evocam de imediato uma infinidade de palavras outras que alguma vez você ouviu ou leu. Não sou eu quem lhe escreve hoje, o mundo inteiro já lhe escreveu

Julián Fucks