HIV e AIDS não são sinônimos

Caro leitor, em tempos de pandemia é sempre bom lembrar que um dia os homossexuais já foram o principal grupo de risco da AIDS.

Quase 40 anos depois não existe mais grupos de risco. O que existem são comportamentos de risco,  mas ainda somos a população que mais se contamina com o HIV no Brasil, justamente por conta do comportamento de risco: transar sem preservativo, compartilhar seringas ou objetos perfurocortantes sem esterilização.

A faixa etária com mais infectados é entre 19 e 35 anos. Isso se explica porque essa população nasceu quando a AIDS estava no seu auge, também ao longo de décadas a informação foi se perdendo com poucas campanhas de informação. Este é o principal motivo desde post e porque houve um crescimento expressivo de jovens lendo os artigos dos Grisalhos.

Saiba que HIV, é o vírus causador da AIDS. Contudo, é possível que uma pessoa infectada com HIV permaneça anos sem desenvolver nenhum sintoma. 

Enquanto isso, a AIDS é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV e surge quando a pessoa apresenta infecções oportunistas que se aproveitam da fraqueza do organismo, como tuberculose e pneumonia, entre outras, por conta da baixa imunidade ocasionada pelo vírus.

Sexo é bom, mas com saúde é ainda melhor e cuidados são necessários. Saiba que há alguns anos existe a pílula do dia seguinte contra o HIV. Pesquise na Internet para saber o procedimento.

Fonte: Ministério da Saúde

+ Sobre os gays e as drogas

gay_e_drogasQuando falamos de drogas, logo associados às drogas ilícitas como, cocaína, maconha, crack, etc. É bom lembrar-se das drogas lícitas como cigarro, álcool, medicamentos e até um simples colírio, assunto já tratado aqui no blog.

No universo dos homossexuais não existem estudos sobre o consumo de drogas ilícitas, portanto, todas as referências utilizadas neste artigo foram embasadas em estudos e pesquisas sobre o consumo de drogas no Brasil entre 2005 e 2015.

Por que os gays consomem drogas? Porque antes de serem homossexuais eles são seres humanos e estão inseridos no contexto deste problema de ordem social universal.

O consumo de drogas no universo gay atinge todas as faixas de idade e todas as camadas sociais, com prevalência entre os jovens e predominantemente do sexo masculino.

Os jovens começam a consumir drogas lícitas, como o álcool e cigarro no fim da infância e acentua-se na juventude quando os conflitos internos da homossexualidade são evidentes, pois é quando o jovem passa por transformações hormonais e emocionais.

A partir daí, há todo um contexto social contribuindo para se consumir drogas lícitas. As pressões exercidas por grupos familiares, educacionais e religiosos geram exclusão social, falta de empatia a grupos heterossexuais, agressividade doméstica e principalmente a baixa autoestima.

A maioria dos jovens busca inserção em grupos homossexuais. Essa ocorrência é comum nos grandes centros urbanos e capitais brasileiras, principalmente na região sudeste do Brasil.

Como acontece o contato com as drogas ilícitas?

Há estudos indicando as escolas secundárias como o principal vetor para o consumo de drogas.

Há que se considerar também que os jovens gays andam em turmas e se encontram, geralmente, nos finais de semana e sempre nos finais de tarde e à noite, onde circulam por bares e baladas dos points gay e sempre viram a noite, bebendo, dançando,paquerando e é ai que entra a droga.

Neste universo dos grupos existe a divisão de classes: os mais pobres consomem maconha e crack e os mais abastados consomem ecstasy, cocaína e até heroína.

Acredita-se que mais de 20% dos jovens gays de todas as classes sociais viverão toda a juventude na corda bamba entre o consumo de bebidas e o consumo de drogas e desses aproximadamente 7% serão dependentes químicos até a fase adulta e mais de 10% farão uso eventual da maconha até os 50 anos de idade.

Há também na fase adulta entre os 30 e os 50 anos, um percentual de 3% dos gays consumindo cocaína e outras drogas sintéticas. Esse fenômeno ocorre durante o período de ascensão profissional com o consequente aumento da renda mensal.

O mais interessante é que o declínio do consumo de drogas ilícitas na fase adulta contrasta com o acentuado aumento do consumo de bebidas alcoólicas. Estima-se que mais de 50% dos gays masculinos consumirão álcool até a velhice.

Experiências no universo homossexual

Desde os meus quinze anos, no ano de 1974, eu tenho vivências no universo gay de São Paulo e no Rio de Janeiro.

As drogas populares da época eram a maconha e as chamadas bolinhas, remédios consumidos com álcool que atuavam no sistema nervoso central e davam o tal “barato”.

As minhas experiências com drogas restringiram-se ao consumo de maconha e comprimidos durante o período de um ano, entre 1979 e 1980. O primeiro contato foi em bares gays do centro da cidade e através da Tula, uma bicha que circulava nos guetos à procura de sexo, aventuras e drogas.

Naqueles tempos o consumo de drogas ocorria principalmente dentro das boates. A Medieval frequentada por famosos, Val Improviso, Nostro Mondo e a famosa Homo Sapiens conhecida como HS, na Rua Marques de Itu onde atualmente está o ABC Bailão. Inclusive, o motivo do fechamento da HS,foi justamente uma batida policial que identificou tráfico e consumo de drogas dentro da boate.

Muitos conhecidos, colegas e amigos se drogavam para enfrentar a noite nas ruas, bares e boates. As drogas eram consumidas nas ruas escuras e becos da cidade. Na década de 70 as noitadas eram um mundo surreal de sexo livre e explícito nas praças e banheiros públicos. Leia o artigo Um Olhar Retrô sobre a Cena Gay Paulistana.

Já nos anos 80, eu tive um amigo chamado Luizinho que se drogava com cocaína e tinha um caso com um coroa sessentão do Rio de Janeiro que ia para São Paulo todo final de semana e fez uso de cocaína por mais de três anos.

Motivo para o gay idoso se drogar: As experiências sexuais do casal eram verdadeiras orgias e viagens alucinógenas numa realidade paralela.

Algumas vezes tinha-se notícia que corria de boca em boca, sobre gays mortos por overdose em festas particulares em apartamentos privados, hotéis e motéis da cidade.

O uso de drogas no universo gay das décadas de 70 e 80 não era diferente do consumo dos dias atuais. Os principais motivos são: inserção social em ambientes gay, hábitos e costumes do grupo, fuga da realidade e experiências extrassensoriais, mas devido ao consumo contínuo por longos períodos a dependência é inevitável para uma parcela desses gays.

A dependência é o pior dos mundos, pois a juventude é a melhor fase da vida, período de estudos, inserção no mercado de trabalho, ascensão profissional e crescimento pessoal em todos os sentidos.

Não sou conversador, mas todos nós almejamos algo na vida, como realizar sonhos e conquistar um espaço neste mundo, ainda mais para o gay que é minoria neste planeta.

Outro dia passeando na Avenida Paulista eu observei um homem parado e olhando um gay abraçado a um amigo e ele soltou o seguinte comentário: Além de viado também é drogado – Duplo preconceito: drogas e homossexualidade.

 Como observador deste mundo moderno, eu percebo os gays jovens e maduros vivendo freneticamente numa sociedade de consumo e penso que eles buscam a droga como solução mágica para seus conflitos interiores, mas não é assim que funciona.

O contato com ela ocorre quando o gay está buscando mais intensamente o conceito de si mesmo, a sua identidade psicossocial, pois ele acredita que a resposta está no exterior, sem tentar buscá-la em si mesmo.

Já os gays maduros e idosos se drogam porque não enxergam perspectivas para o futuro. Muitos buscam esquecer traumas ou perdas de entes queridos e sem perceber o vício acaba sendo parte integrante do seu cotidiano, pois não conseguiram se livrar da dependência química.

O pior dos mundos é a dependência e a necessidade do uso de drogas em maiores quantidades para se obter os mesmos efeitos. Quando se percebe passaram anos e até décadas.

Por mera coincidência, eu fiquei em São Paulo num feriado abril deste ano e fui acordo logo cedo com sirenes de carros de bombeiro. Resumo: Um gay morador do prédio da frente queria suicidar-se porque o parceiro rompeu a relação, mas o motivo da paranoia é que ele estava drogado.

No mundo das drogas há riscos de morte súbita, paranoias como citei no parágrafo anterior, agressividade e o mais comum: parada cardíaca. Também, é sabido que na abstinência provoca depressão.

É triste, mas esta é a realidade

Os gays e as drogas

Se você não fuma, não bebe, não toma medicamentos e não é dependente químico, você é um felizardo e “um diferente” no meio gay.

Durante a última década vários estudos  nos Estados Unidos e Reino Unido apontaram que os gays são consumidores de drogas em potencial. Os gays do sexo masculino usam drogas sintéticas e entre as lésbicas predomina o uso da maconha. Eu não tenho notícias desse tipo de pesquisa no Brasil.

A opção sexual e a discriminação são fatores que contribuem para a dependência química. Os gays jovens que frequentam as baladas costumam se drogar com cigarros, bebidas alcoólicas, maconha, cocaína e drogas sintéticas como o ecstasy, Mitsubishi, Ice, etc.

Os movimentos das Paradas Gay por todo o Brasil sempre tem registros de consumo excessivo de drogas, principalmente, de bebidas.

A cultura do corpo também leva muitos gays a tomar anabolizantes. Uma droga sintética da testosterona e que é inserida no organismo na forma de comprimido ou ampola. Via oral ou intramuscular para aumentar a massa corporal. Essa galera é conhecida no meio gay como “as barbies”.

Ao longo da fase adulta os gays se fixam em drogas de uso diário, como o cigarro e bebidas destiladas: Vodca, Gin e cachaça.

O hábito de beber na companhia de outros amigos é frequente e faz parte da rotina, principalmente, nos finais de semana. No Brasil o consumo de cerveja e caipirinha é um hábito também no meio GLBT, principalmente, entre os homossexuais que não “dão pinta” ou aparentam ser gay.

Os gays maduros e idosos tem contra si os problemas da não aceitação, da rejeição do próprio meio, da velhice do corpo e muitos problemas psicológicos. Esses fatores apresentam históricos de tratamentos psicológicos e psiquiátricos e sempre acompanhados de medicação. Aí, pode ser um antidepressivo, sonífero ou hipnótico.

Esses estudos indicavam que mais de 80% da população gay tem algum tipo de dependência química. As drogas podem ser psicoativas, psicodélicas ou alucinógenas e podem ser lícitas ou ilícitas.

Na minha juventude eu fiz uso da maconha, mas depois de algum tempo parei e até 2008 eu consumia diariamente bebidas alcoólicas. Ainda sou dependente do cigarro, mas com planos de parar de fumar.

Também,  não estou no grupo dos gays dependentes de medicamentos e espero não precisar deles tão cedo!

Cada um tem uma história diferente e as razões para o uso de drogas variam de acordo com o perfil psicossocial dos cidadãos gays.

Hoje vivemos a geração saúde e talvez os jovens gays da atualidade tenham menos problemas com drogas na fase adulta e na velhice, ou, talvez não, porque as drogas estão presentes no cotidiano da humanidade desde os primórdios da nossa história.