Gay idoso e de meia-idade nas mídias sociais

Caro leitor, estou de volta após um mês de férias, apesar de estar aposentado. 😂

Durante o mês de julho eu e meu companheiro saímos para viajar por algumas cidades do interior paulista.

Durante a minha ausência da cidade de São Paulo, os meus contatos com amigos e familiares ocorreram através do Whatsapp, por ligações telefônicas e chamadas de vídeo. Notícias e informações chegaram através de alguns portais de notícias e do Twitter.

Enfim, não é mais novidade para os gays idosos ou de meia idade que a tecnologia é uma ferramenta importante para socializar com outros gays ou pessoas que estão distantes.

Recentemente estive numa chamada de vídeo com uma amiga que mora na Inglaterra há sete anos e foi um prazer indescritível poder falar e ver minha confidente depois de 8 anos.

As minhas redes sociais são privadas, tanto Facebook, Instagram e agora o thread, mas através destas redes eu sempre sou surpreendido com notícias e novidades. Os meus seguidores seguem outras pessoas e vice-versa e assim eu descobri outras pessoas e alguns gays que eu não via há mais de 20 anos e alguns eu não via há mais de 40 anos. É surpreendente!

Hoje todos os gays que conheço tem um Smartphone com Whatsapp e quando procuro, encontro também muitos deles nas redes sociais, O melhor é receber além de notícias pessoais informações úteis e matérias interessantes, apesar de também receber muita porcaria e coisas sem nenhum conteúdo, além de piadas infames.

Mas, faz parte da convivência e das relações sociais e o melhor de tudo, faz com que os gays não se sintam isolados, porque na terceira idade o isolamento social está presente diariamente. Outro fator positivo é que não segrega classes sociais. Não importa se você pertence às classes sociais mais altas ou se tem grau de escolaridade elevado. Tudo depende da rede social que você construiu durante a vida.

Eu não sou de ficar colado no celular, mas diariamente após o café eu paro por meia hora para responder mensagens de “bom dia” de parentes e amigos. É o momento para eu me conectar com o mundo exterior, mesmo estando sozinho dentro do apartamento.

Isso tudo me fez instalar em maio de 2023, Internet por fibra na minha chácara no Interior. Eu relutava para colocar a tecnologia na minha casa porque lá sempre foi um local para descansar e desligar do mundo. Aquele lugar que todos precisam para acabar com o stress, concluir leitura de livros que às vezes a correria do dia-a-dia não permite, enfim, o importante não era ficar desconectado, era poder respirar ar puro, ouvir o canto dos pássaros e observar a natureza para repor energias.

Como eu já escrevi em posts antigos, a tecnologia chegou para ficar e ficamos dependentes dela por diversos fatores: comunicação, localização, cultura, compras e pagamentos. A Internet com fibra também permite o acesso rápido à Internet no celular ou à TV. Aos poucos estou trocando um filme em dvd ou blu-ray por um filme no streaming do Prime Vídeo ou Netflix. Eu gosto bastante dos filmes de temática gay, não necessariamente com sexo explícito e muitos deles não encontro no streaming, logo mantenho o velho e bom aparelho de dvd/blu-ray para rever alguns clássicos.

A tecnologia não me cativou para a leitura de livros por ebook, eu não abro mão do livro físico, o toque e o cheiro do livro me fascinam desde a adolescência. Eu sei que isso vai acabar, mas nesta fase de transição, prefiro os físicos.

Se você prestar atenção verá que tudo está conectado, até uma simples consulta médica chega no celular.

Também, é importante ressaltar que o processo é irreversível e os idosos no futuro terão a oportunidade de sair do limbo e viver sua vida plenamente.

As mídias sociais são uma válvula de escape para quem é sozinho, o Twitter agora é X, o Facebook pertence à Meta e existe outra dezena de redes, além dos aplicativos específicos.

Vale lembrar que a I.A, Inteligência Artificial está batendo à porta e vai mudar radicalmente a forma como interagimos com as tecnologias nas nossas vidas 😎

O ChatGPT e os chatbots mudarão radicalmente nossas vidas 😱

Os gays viciados na Internet

Caro leitor, aos poucos a doença surge e depois de alguns anos já instalada causa efeitos colaterais graves. Vou falar sobre o vício da Internet.

Há aproximadamente três anos Alberto um coroa de 65 anos experimentou os prazeres da Internet pela primeira vez.

No início procurava perfis de gays no Facebook e Instagran. Ele marcava e acompanhava a vida de anônimos todos os dias na busca por uma imagem de algum homem nu.

Ele tentou alguns contatos, mas sempre esbarrou na distância. No final de 2019 ele descobriu os aplicativos Grindr e Hornet. Fez a sua lista de favoritos e saiu à caça, mas não foi aceito para nenhum encontro real. Era velho, não demonstrava ter dinheiro é não era padrão de beleza para os viados de plantão.

Já no início da pandemia entrou num grupo do Whatsapp de coroas gays e sua rotina mudou. Ele passou a receber dezenas de vídeos pornô e de muita masturbação.

Alberto sempre gostou de homens mais velhos na mesma faixa etária que a sua. Após descobrir contas de vídeos no Twitter a vida passou a ser um alucinógeno a cada streaming de fodas e mais fodas. Assim estava consumada a sua dependência pois a média de masturbação passou de uma para cinco ou mais vezes ao dia.

A situação piorou no final de 2020, após gastar mais de um mil reais por mês em contas do Onlyfans, a maioria de gringos velhos e maduros dos Estados Unidos, Australia e Espanha. O uso diário da Internet foi de uma hora para quinze horas conectado em pouco mais de três ano. 😱

Em fevereiro de 2021, apresentou os primeiros sinais de depressão, choro, falta de apetite, insônia e estranhas palpitações acompanhadas de dores musculares.

Depois de postergar por mais de seis meses foi ao médico e a doença se confirmou. Hoje toma remédios ansiolíticos e antidepressivos, além de fazer terapia comportamental e utilizar o smartphone apenas para o essencial, sem excessos.

O caso do Alberto é apenas um no mar de problemas psicológicos causados por uso excessivo da Internet. O mundo virtual toma conta do mundo real e o indivíduo deixa de viver uma vida simples e natural o que gera frustrações. É um círculo vicioso!

Os gays usam mais as redes sociais e aplicativos por motivos óbvios, minorias segregadas na sociedade, baixa autoestima, não aceitação e anonimato .

Na Internet, especificamente, nas redes sociais os gays tentam ser aceitos, dão opiniões sobre todos os assuntos, gostam de ver sexo entre homens e gastam muito dinheiro com coisas banais e desnecessárias. Tudo isso para se sentirem aceitos, respeitados e vistos, porque a invisibilidade é real e a ansiedade é marca registrada desta minoria.

Hoje o mundo é uma ilha, cada ser humano isolado na sua bolha particular e todos buscam interações sociais para se sentirem vivos. Os mais velhos ainda tem noção dos efeitos colaterais porque viveram a juventude num mundo em transformação entre o real e o virtual. O que ocorreu com o Alberto é um caso à parte.

Os gays jovens fixam suas horas diárias em assuntos relacionados à sexo homossexual nos aplicativos de pegação, jogos online, perfis no Twitter e em contas de anônimos que se julgam estrelas no Onlyfans (aqui é tudo por dinheiro) os vídeos são amadores e o conteúdo em geral é ínfimo se comparado ao preço cobrado pelos serviços oferecidos.

Todo esse portfólio de opções mascara uma verdade inconteste, a dependência e o vício. Hoje já não existem limites de tempo para utilizar a Internet porque com smartphone o acesso aos conteúdos ocorre em qualquer lugar durante 24 horas do dia. Este vício se tornou um dos principais motivos de demissões do trabalho e poucos percebem a necessidade de buscar ajuda de profissionais da saúde mental.

O futuro nos reserva um contingente de pessoas frias, vazias, sem emoções e movidas por estímulos cibernéticos, confinados em suas bolhas na busca por prazeres proporcionados por pessoas desconhecidas.

O mundo dos gays na perspectiva digital

Caro leitor, a pandemia que vivemos no Brasil desde março deste ano trouxe diversas mudanças de hábitos e comportamentos.

Durante mais de seis meses eu observei as mudanças rápidas que se transformaram em novas formas de interação social agora e nos próximos anos.

O mundo particular dos gays maduros e idosos ficou mais restrito por conta do tal “grupo de risco”, mas novos hábitos surgiram para preencher lacunas deixadas pelo isolamento. A começar pelas tecnologias, pois quem não tinha acesso ou facilidade com computador e Smartphone teve tempo para comprar, aprender e se arriscar no mundo virtual.

Desde os cadastros em lojas online para compras até fóruns de discussão, buscas diversas, além de procurar perfis compatíveis no Twitter e Instagram para acompanhar, seguir e curtir assuntos e fotos do interesse de cada um.

Também, os mais curiosos se arriscam nos aplicativos LGBT, para buscar uma companhia e talvez sexo, mesmo que seja apenas virtual, tudo para minimizar o isolamento e a solidão. Os gays idosos descobriram uma porta para ocupar a mente e o tempo, além de buscar nas fantasias o tempo que se foi.

Na outra ponta deste novo cenário estão os gays jovens exímios nas tecnologias e avessos ao confinamento. Desde a abertura gradual da economia já se fazem presentes em bares e points gays e sempre com o Smartphone no bolso ou na mão.

Observei neste ano um crescimento de 30% nos leitores do blog dos Grisalhos fato que não ocorria desde 2016, sendo a maioria jovens buscando conhecimento e assuntos sobre os gays idosos, seus hábitos e comportamentos. O blog tem alcance de leitores por conta dos quase mil textos escritos ao londo de 12 anos.

Outro fator interessante foi o crescimento na venda de filmes com temática LGBT que retomei em julho, tanto que diversos leitores estão pedindo para eu publicar dicas de novos filmes fora do circuito Netflix. Eu prometo que nos próximos dias publicarei uma dica de novo filme temático.

Na verdade tenho a impressão que quase todos estão online, plugados 24 horas por dia, consumindo informação, produtos e serviços. Isso é bom porque abre uma janela de possibilidades. A pandemia trouxe medo, mas também urgência na forma como adquirimos conhecimento e facilidades no cotidiano.

Daqui para a frente as interações sociais por tecnologias serão rotina na vida da maioria dos gays maduros. Se você ainda não se conectou perdeu a chance de entrar para o mundo virtual onde os plugados usam gírias estranhas como flopar, memes, hashtag, shipar, lacrar e por ai vai.

Por incrível que pareça essas mudanças serão mais perceptíveis a partir do próximo ano quando voltarmos à normalidade, pois quem não frequentava academia vai malhar, quem não tinha o hábito de ler vai consumir mais livros, inclusive por E-book. Há que considerar as lives de músicas e outras atrações culturais que permanecerão na rede como alternativa aos eventos presenciais.

Quantos dos leitores não pediram um lanche, bebida ou comida por aplicativo? Quantas vezes não ouvimos nesses meses sobre aulas online? Nunca vimos tantos motoboys pelas ruas fazendo entregas oriundas dos aplicativos.

Quando retornei à capital paulista em julho, a revisão do meu carro foi feita por aplicativo, um motorista retirou o carro, levou para a oficina e depois dos serviços trouxe o carro para a garagem aqui de casa. Fiz tantas outras compras online de produtos e serviços. Até o barbeiro atendeu com hora marcada no aplicativo.

Outros serviços que não tem aplicativo, utilizam as redes sociais para ampliar as ofertas.

Os serviços de bancos, hospedagem, tinturaria, farmácia, compras de supermercado, Uber e tantos outros estão disponíveis nos aplicativos. O home office, consultas médicas por videoconferência são realidade.

Eu soube que até serviço de garotos de programa estão sendo contratados por aplicativo, os chamados APP, apesar de toda noite aqui na esquina perto de casa ter um grupo de garotos à espera de clientes, mas se eles não se atualizarem ficarão para trás.

O admirável mundo novo chegou e integrou tudo o que precisamos ao alcance de nossas mãos. É um caminho sem volta, se por um lado a pandemia trouxe panico por outro acelerou a informatização do nosso dia-a-dia.

Hoje a agenda do Whatsapp está repleta com contatos de colegas, conhecidos, amigos e parentes. Se você está ocioso basta enviar um áudio, uma imagem, foto ou texto para quem quiser.

O mundo dos gays segue a tendência mundial de conectividade porque quem estiver fora da rede estará literalmente ultrapassado e sozinho. Quem souber surfar nesta onda ganhará dinheiro com o mundo mix, um nicho de mercado amplo onde estes clientes consomem quase o dobro dos homens heterossexuais.

Regis, como equilibrar o mundo digital com as minhas necessidades reais de estar com um parceiro?

Muito simples, o contato físico e os afetos são essenciais aos seres humanos, as tecnologias são facilitadoras dessas necessidades. Desde a massificação da Internet os gays se adaptaram e o que antes era quase impossível hoje é até normal. Gays de todas as idades, gostos similares e preferências sexuais se encontram pessoalmente ou se conhecem pela Internet, distantes fisicamente, de lugares longínquos, se encontram e se aproximam.

O restante é passado!