Blog dos Grisalhos: 14 anos

Caro leitor, estamos há  14 anos escrevendo os artigos do blog.

Quantos milhares de pessoas passaram por aqui neste tempo todo?. Quantos já não estão entre nós?

Quantos jovens leram nossos escritos e sairam mais fortalecidos para a vida?

Quantos envelheceram comigo nesta jornada?

Por aqui já passaram mais de 3,6 milhões de pessoas. É um número expressivo, caiu muito nos últimos anos por conta das redes sociais que atraem as pessoas para outro tipo de interação, mas a média mensal ainda é muito boa. Sinal que ainda há interesse das pessoas.

Enfim, quando decidi sair do antigo blogger e migrar para o WordPress eu sabia que poderia ser longevo porque a plataforma é a melhor é mais antiga na Internet. Hoje além de blogs tem páginas pessoais, comerciais e muito conteúdo em mais de cem idiomas.

Continuamos escrevendo um pouco sobre tudo é essa conquista é do leitor. Enquanto tivermos motivação continuaremos por aqui 😎

Nota: O aniversário de 14 anos foi em janeiro/2023 🎂🎂

O pioneirismo dos gays a partir dos anos 90

Caro leitor, o ano de 2022 está chegando ao fim e este é o último artigo do ano.

Os anos 1990 marcaram uma virada definitiva na forma como os gays se relacionavam com outros gays.

A vivência dentro do armário é marca registrada dos homossexuais e a partir da consolidação da Internet, os gays foram os primeiros a usar esta tecnologia como ferramenta para buscar outros parceiros, não necessariamente para sexo, mas para encontros, café, bebidas e baladas.

Nos Estados Unidos com a criação do primeiro grande portal, o AOL – American Online, os gays entraram com tudo e de cabeça na rede de computadores. No Brasil um dos primeiros foi o UOL e suas salas de chat ficavam lotadas, principalmente nas noites de sábado e domingo.

Você pode imaginar o que é ser gay enrustido e morar numa cidadezinha qualquer do interior do país? Você até se imagina sendo o único homossexual no mundo porque naquela época a informação era fragmentada.

Os gays que nasceram após 1990, não tem ideia de como era o mundo e as tecnologias daquela época, mesmo com modem através de linha discada era uma eternidade para se conectar. Até a MTV só apareceu no Brasil em outubro de 90.

Portanto, a tecnologia foi a única aliada a permitir aos enrustidos buscar formas de interação social, expor ideias, salas de bate papo e por que não blogs. Sim, os blogs são originários dos anos 1990 e estão ativos até hoje porque permitem publicações de anônimos gerando discussões sobre temas dos mais diversos.

Coincidência ou não foi em 17 de maio de 1990, que ser homossexual deixou de ser doença mental. Também, a música Being Boring estourou nas paradas com o primeiro grupo gay a fazer sucesso mundial, Pet Shop Boys. 🎶🎶🎼

No Brasil em 1992 foi fundada a Associação de Travestis e Liberados, Astral, no Rio de Janeiro (foto que ilustra este texto), dando início ao movimento nacional de travestis e transexuais. Também, a primeira Parada Gay de São Paulo ocorreu em 1997, enquanto Almodovar lançou o filme Tudo sobre minha mãe em 1999. 📽

A grande revolução social e cultural para os gays não ocorreu na década de 1960, mas nos anos 90. Mesmo com o advento da Aids assombrando os gays desde o início da década anterior, foi o período onde milhares, senão, milhões descobriram que ser gay não era anormal e tudo graças à Internet. Pode acreditar 👌🏼

Stonewall foi apenas o início de todas as transformações sociais. também foi na década de 90 que os gays começaram a sair do armário, bem como, a sofrer com as consequências da exposição pública e onde a homofobia aflorou definitivamente na sociedade, com casos de humilhação pública e até morte.

Só para você ter uma ideia, após eu concluir uma segunda graduação em tecnologia, eu abri um site em 1998, com fotos e pequenos vídeos de sexo gay entre maduros e idosos. A demanda por conteúdo gerou muito trabalho e os gays sempre querendo mais e mais. Das salas de bate-papo para o sexo virtual. Sim, nós fomos os pioneiros nos serviços de Internet para entretenimento de adultos. Leia aqui

Enfim, continuamos sendo pioneiros desbravando novos horizontes, num mundo completamente digital, mais imediato e com resultados muitas vezes temerosos.

Não sou saudosista, mas eram outros tempos e o dia-a-dia prenunciava dias melhores e com romantismo no ar 🙄

E assim vamos vivendo…

Caro leitor, eu desejo a você muita saúde e muitas realizações em 2023. 😎

Nota: Há alguns anos o WordPress criou o seu próprio APP. Se você ainda não usa pode baixá-lo nas lojas Play Store para Android e e APP Store Iphone.

Os gays viciados na Internet

Caro leitor, aos poucos a doença surge e depois de alguns anos já instalada causa efeitos colaterais graves. Vou falar sobre o vício da Internet.

Há aproximadamente três anos Alberto um coroa de 65 anos experimentou os prazeres da Internet pela primeira vez.

No início procurava perfis de gays no Facebook e Instagran. Ele marcava e acompanhava a vida de anônimos todos os dias na busca por uma imagem de algum homem nu.

Ele tentou alguns contatos, mas sempre esbarrou na distância. No final de 2019 ele descobriu os aplicativos Grindr e Hornet. Fez a sua lista de favoritos e saiu à caça, mas não foi aceito para nenhum encontro real. Era velho, não demonstrava ter dinheiro é não era padrão de beleza para os viados de plantão.

Já no início da pandemia entrou num grupo do Whatsapp de coroas gays e sua rotina mudou. Ele passou a receber dezenas de vídeos pornô e de muita masturbação.

Alberto sempre gostou de homens mais velhos na mesma faixa etária que a sua. Após descobrir contas de vídeos no Twitter a vida passou a ser um alucinógeno a cada streaming de fodas e mais fodas. Assim estava consumada a sua dependência pois a média de masturbação passou de uma para cinco ou mais vezes ao dia.

A situação piorou no final de 2020, após gastar mais de um mil reais por mês em contas do Onlyfans, a maioria de gringos velhos e maduros dos Estados Unidos, Australia e Espanha. O uso diário da Internet foi de uma hora para quinze horas conectado em pouco mais de três ano. 😱

Em fevereiro de 2021, apresentou os primeiros sinais de depressão, choro, falta de apetite, insônia e estranhas palpitações acompanhadas de dores musculares.

Depois de postergar por mais de seis meses foi ao médico e a doença se confirmou. Hoje toma remédios ansiolíticos e antidepressivos, além de fazer terapia comportamental e utilizar o smartphone apenas para o essencial, sem excessos.

O caso do Alberto é apenas um no mar de problemas psicológicos causados por uso excessivo da Internet. O mundo virtual toma conta do mundo real e o indivíduo deixa de viver uma vida simples e natural o que gera frustrações. É um círculo vicioso!

Os gays usam mais as redes sociais e aplicativos por motivos óbvios, minorias segregadas na sociedade, baixa autoestima, não aceitação e anonimato .

Na Internet, especificamente, nas redes sociais os gays tentam ser aceitos, dão opiniões sobre todos os assuntos, gostam de ver sexo entre homens e gastam muito dinheiro com coisas banais e desnecessárias. Tudo isso para se sentirem aceitos, respeitados e vistos, porque a invisibilidade é real e a ansiedade é marca registrada desta minoria.

Hoje o mundo é uma ilha, cada ser humano isolado na sua bolha particular e todos buscam interações sociais para se sentirem vivos. Os mais velhos ainda tem noção dos efeitos colaterais porque viveram a juventude num mundo em transformação entre o real e o virtual. O que ocorreu com o Alberto é um caso à parte.

Os gays jovens fixam suas horas diárias em assuntos relacionados à sexo homossexual nos aplicativos de pegação, jogos online, perfis no Twitter e em contas de anônimos que se julgam estrelas no Onlyfans (aqui é tudo por dinheiro) os vídeos são amadores e o conteúdo em geral é ínfimo se comparado ao preço cobrado pelos serviços oferecidos.

Todo esse portfólio de opções mascara uma verdade inconteste, a dependência e o vício. Hoje já não existem limites de tempo para utilizar a Internet porque com smartphone o acesso aos conteúdos ocorre em qualquer lugar durante 24 horas do dia. Este vício se tornou um dos principais motivos de demissões do trabalho e poucos percebem a necessidade de buscar ajuda de profissionais da saúde mental.

O futuro nos reserva um contingente de pessoas frias, vazias, sem emoções e movidas por estímulos cibernéticos, confinados em suas bolhas na busca por prazeres proporcionados por pessoas desconhecidas.