Herança e espólio de gays idosos

Caro leitor, quando um gay idoso falece as primeiras providências após o velório e o sepultamento são as ações para tratar do espólio do falecido.

Se o gay idoso tinha companheiro e se todos os trâmites foram resolvidos em vida a transferência do espólio ocorre sem problemas, mas se nada foi feito, inicia-se uma batalha jurídica entre familiares e gays íntimos do falecido, sejam amantes ou amigos.

Eu conheço histórias que são inacreditáveis de tão surreais.

Estas situações ocorrem porque os gays idosos da minha geração não estão familiarizados com as leis. União estavel passa longe do cotidiano desses gays, bem como, testamento, usufruto ou doação.

A não aceitação da homossexualidade na terceira idade deixa lacunas e a questão da herança é uma delas. Viver no armário não justifica a falta de cuidado com os bens e nunca se pensa racionalmente sobre esta questão.

Quem vive sozinho não pensa nas consequências que os bens materiais causam nas pessoas do seu convívio. Existem muitos, mas muitos gays que se aproveitam das fragilidades e carências dos idosos.

Existe um contingente de gays aproveitadores atentos aos bens (apartamento, carro, dinheiro, etc) e a oportunidade, inclusive, surge em vida.

O golpe mais comum: o idoso morre e o golpista procura um advogado para ingressar com ação de união estável. Basta arrumar uma testemunha e aguardar o veredicto.

Os gays “carniça”, estão sempre buscando idosos para relacionamento visando sempre os bens materiais e fazem de tudo para que recebam em vida heranças oriundas da relação, como direi, de maridos fiéis aos amantes, inclusive, com ares de bom moço apaixonado.

Recentemente um amigo me confidenciou estar vivendo uma situação constrangedora.

O ex caso de seu amante ingressou com pedido de união estável após quase 30 anos depois da separação. Tudo porque o gay idoso está doente e possui renda e alguns poucos bens. Este ex caso mora no mesmo prédio e sempre se disse amigo do idoso. O meu amigo vive há quase 30 anos com este idoso.

Como diria um amigo já falecido: essa bicha é aproveitadora e dar este golpe é a última cartada da fanchona velha e pobre.

Eu moro em frente ao ABC bailão e neste bairro residem muitos idosos. Situações envolvendo herança e espólio são rotineiras e a maioria está relacionada ao famoso golpe da herança.

Isto acontece por conta do isolamento social. O gay idoso acumula bens e no fim da vida não tem para quem deixar, porque muitos não tem família e os poucos conhecidos se aproveitam da fragilidade e buscam formas de herdar os bens. Há situações de desvio de dinheiro.

Lembre-se que existe a lei 10.741/2003 – Violência financeira contra o idoso

O ideal seria o gay idoso destinar em vida o seu patrimônio, seja para um familiar ou um amigo, companheiro ou não. Quando morre a família vem correndo atrás dos bens porque é assim que o mundo sempre funcionou.

Eu tenho uma chácara no interior e já estou vendendo porque se eu não me desfazer do bem e falecer os familiares vão abandonar porque é longe de todos. Também, sei que inventariar muitos bens custa dinheiro e nenhum parente ou amigo quer gastar dinheiro do próprio bolso.

Portanto, recomendo aos gays idosos que possuem bens, fazer o seguinte: Tenha apenas uma casa ou apartamento próprio para morar e transforme outros bens em dinheiro vivo disponível em conta bancária para a manutenção das despesas mensais e ou médicas. Vai viajar, aproveitar a vida e se puder ajude em vida quem precisa, mesmo que seja um familiar mais pobre ou algum amigo gay que vive precariamente.

Faça caridade, ajude outras pessoas e retorne ao mundo todas as graças que você obteve durante a vida.

Nada é eterno, tome cuidado com aproveitadores e viva uma vida de bonança. É preciso aceitar que o envelhecimento é real e que na velhice podemos partir a qualquer hora. Não deixe para a última hora, destine seus bens e espólio com sabedoria às pessoas que te apoiam nesta vida.

Lembre-se: Não somos donos dos nossos bens, apenas administradores do que conquistamos.

A educação financeira para os gays

pinkmomey

Caro leitor, eu não sou coach e nem guru, mas a minha vida profissional me fez experiente nas questões financeiras.

Formado em Contabilidade e Tecnologia da Informação, durante mais de vinte e cinco anos eu sempre poupei para usufruir após a aposentadoria.

Hoje eu tenho 60 anos, estou aposentado há 5 anos e parei de trabalhar há 2 anos.

O que contribuiu para eu ter um discernimento sobre o assunto foram as aulas de lógica na faculdade e a vivência como gestor na área financeira.

Hoje a Internet está repleta de cursos, vídeos e palestras sobre o assunto, mas de cada cem interessados apenas um ou dois obtém sucesso no planejamento financeiro.

No meio gay esse índice é maior por conta de todas as situações sociais que nos envolvem e nos obrigam a lutar por nossa independência social e financeira, apesar de observar muitos gays maduros ou idosos aposentados e vivendo com dificuldades, sem plano de saúde e reserva financeira para emergências comuns na terceira idade.

Todos os conceitos a seguir fizeram e ainda fazem parte da minha vida pessoal e eu espero que de alguma forma possa contribuir para um aprendizado nada fácil porque não fomos educados para fazer gestão financeira.

Tudo o que eu escrever aqui pode não servir para você, porque cada um tem sua vida e sua história com cenários diversos. Pode ser útil principalmente aos jovens que estão iniciando a vida profissional.

Vamos lá, as regras são simples e requer apenas dedicação e foco nos objetivos:

  1. Não tenha apenas uma fonte de renda;
  2. Pague mensalmente a você parte do que você recebe como profissional;
  3. Pense antes de contrair uma dívida;
  4. Aprenda a cortar despesas;
  5. Economizar sempre para usufruir no futuro;

Essas cinco condições são suficientes para ter uma boa, senão excelente condição financeira na velhice seja você um funcionário do setor público, privado ou autônomo.

Se você é trabalhador assalariado e registrado no regime da CLT, procure ter uma segunda atividade profissional, pois mais do que uma fonte de renda adicional, aumentará o seu capital da poupança.

A segunda atividade não precisa ser fixa e pode ser eventual.

O ideal é começar a poupar antes dos 30 anos e nunca ultrapassar os 40 anos de idade, caso contrário você não terá tempo para programar uma boa reserva financeira.

Exemplo:

  • Poupar durante 25 anos

O valor mensal da poupança deve ser igual a 10% do seu salário bruto;

O valor mensal da poupança para sua segunda atividade deve ser igual a 20% do ganho bruto mensal (fixo ou eventual);

O valor anual da poupança adicional deve ser igual a 50% do seu décimo terceiros salário;

O seu FGTS – Fundo de garantia somente poderá ser usado para quitar parcela de financiamento da casa própria; Lembre-se que é recolhido mensalmente 8% do seu salário;

Ao final do período estipulado, se você ganha $5.000,00 terá aproximadamente, R$ 212.500,00 + correção + Saldo da poupança do 13% salário + Saldo da Poupança da segunda atividade + poupança de supérfluos + Saldo FGTS;

Parece pouco? Não é, pois essa reserva estará próxima a R$ 500.000,00.

Durante esses anos você pode economizar mais e vai depender do seu modo de vida e como você gasta o seu dinheiro. Pense antes de contrair uma dívida. Também, surgirão contingências durante o percurso e mesmo que você precise utilizar das suas reservas, quando voltar à normalidade deverá repor o que tirou, bem como, guardar o que deixou para trás.

  • A economia não é mensal, é diária.
  • Os pequenos gastos consomem o seu salário;
  • Não pague juros aos bancos ou financeiras, compre à vista;
  • Não faça compras para pagar no futuro, exceto a casa própria;
  • Controle os seus gastos e poupança através de planilhas;
  • Não empreste dinheiro a terceiros;
  • Seja apenas avalista de si mesmo;

Se você seguir todas as regras, ao final de 25 anos você terá uma reserva financeira estimada em R$1.000.000,00.

Parece pouco? Não é, lembre-se que o salário médio mensal foi de R$5.000,00 durante 25 anos. Ainda assim, garante um rendimento anual de aproximadamente R$ 65.000,00 ou R$ 5.400,00 por mês e sem depender de aposentadoria, pública ou privada.

Um ditado que eu aprendi com um professor de economia na faculdade:

Você pode ter dívida com todo mundo, menos com você mesmo!

É comum observar pessoas que quando recebem o salário já estão endividadas outras optam por poupar e isso independe de fórmulas mágicas. Esta regra escrita aqui é apenas uma, existem outras formas de poupar e cada indivíduo utiliza aquela mais próxima da sua realidade.

Regra: Primeiro receba o salário, coloque na planilha e ai acrescente as despesas incluindo o pagamento de 10% feito a você.

  • Não gaste antes de receber salários.
  • As suas despesas mensais não podem ultrapassar as suas receitas;

O segredo: tudo na vida é questão de lógica;

  • Não mantenha o seu dinheiro na poupança, diversifique suas aplicações para ter melhor rentabilidade;
  • Não exagere no consumo para inibir ansiedade;
  • Planejar antes de contrair dívida; seja a casa própria, a faculdade, um carro ou viagens;
  • Se ao final do mês sobrar dinheiro poupe o excedente;
  • Evite imóveis como forma de investimento, no máximo mais um além do seu, porque numa contingência você precisará de dinheiro disponível para emergências.

Tudo nesta vida é regido pela lógica das situações, portanto, aprenda a enxergar a lógica das coisas e você perceberá que estamos cercados por todos os lados por um marketing agressivo que nos impulsiona ao consumo, bem como, os cenários mudam a todo instante, como a inflação, mudança de moeda do país, recessão econômica, emergências médicas ou desemprego.

Quem observa o cotidiano encontra oportunidades para poupar, mesmo que seja uma simples garrafa de água mineral.

Durante 25 anos é possível ter uma vida boa, sem luxos ou extravagâncias, pagar todas as despesas mensais, poupar e ainda curtir a vida.

Após esse período o que vier é lucro, o importante é ter saúde para usufruir o quanto antes tudo o que poupou. Não envelheça no trabalho porque o tempo passa rápido e a vida é curta!

Gays idosos e o confronto com o isolamento

gay_idoso_olivio_SPPor mais que pesquisas indiquem altos índices de doenças psicológicas entre os idosos LGBT, a velhice dos gays não implica em solidão, depressão ou abandono;

Nos artigos que eu escrevo procuro ser positivo, porque o gay idoso de hoje não é igual ao de ontem e a tendência natural é a evolução dos seres humanos e das sociedades.

Outro dia eu recebi um e-mail de um senhor homossexual de setenta anos pedindo algumas dicas, para combater a solidão e o isolamento.

Para entender a situação trocamos mensagens durante uma semana, até eu identificar como poderia orientá-lo sobre o assunto.

Caro leitor, talvez você fiquei indignado, mas eu classifiquei os homossexuais em dois grupos: Pobres e os Confortáveis

A velhice de qualquer pessoa, homossexual ou não, depende de vários fatores e muitos deles são materiais, os principais são: escolaridade, renda mensal, plano de saúde, bens imóveis e bens móveis.

Os gays idosos pobres tem muita dificuldade de viver uma velhice digna, porque dependem de parentes ou amigos para a manutenção das condições básicas da vida. Invariavelmente, o provento da aposentadoria é inferior a R$1.000,00 por mês, não possuem reserva financeira, o grau de instrução é baixo, não possuem casa própria, e dependem do sistema básico de saúde que no Brasil é ineficiente e do transporte público para locomoção diária.

Infelizmente o cenário apresentado acima é crítico e os gays idosos desse grupo vivem confinados num estrato social que os aprisiona, deixando-os à mercê de todas as situações ruins possíveis.

Num cenário desfavorável esses homossexuais têm mais propensão às doenças físicas e psicológicas, ao isolamento social e ao preconceito, salvo raras exceções.

Os gays confortáveis vivem uma velhice mais digna, porque tem boa escolaridade, a maioria possui nível superior, tem renda mensal acima de 10 salários mínimos, possuem dinheiro aplicado em poupança ou renda fixa, possuem casa própria, plano de saúde, carro, etc.

Nesse cenário é possível viver bem e com qualidade de vida, além de abrir um leque de opções sociais, o que permite combater o isolamento, além de bater de frente contra o preconceito.

Quanto ao meu correspondente ele se enquadra no grupo dos gays confortáveis, e o problema da solidão e do isolamento social é decorrente da maneira como ele vive, ou seja, está vivendo como se ainda fosse muito pobre, pois acumulou bens imóveis e móveis durante a vida, e, quando chegou na terceira idade, não soube tirar proveito do que plantou e não compartilha com ninguém. No caso específico dele, também, tem dificuldades de relacionar-se com outros gays.

É ruim ter que dividir os gays em grupos sociais, mas os grupos existem porque isso é reflexo da nossa sociedade nada igualitária, principalmente para os gays.

Além de tudo isso que eu escrevi, existem outros fatores desfavoráveis. Muitos gays tem medo de envelhecer e quando a velhice chega não aceitam o envelhecimento como um processo natural da vida.

O medo da vida sexual na velhice, a falta de afeto, falta de laços familiares ou de amizades são outros fatores que precisam ser trabalhados desde a maturidade por cada individuo homossexual.

Por mera coincidência, ontem um leitor deixou um link nos comentários que eu preferi trazer para este tema – leia aqui.