Largo do Arouche referência LGBT

A capital paulista possui diversos lugares que construíram a identidade homossexual a partir dos anos 1960 no meio urbano, tais como o Largo do Arouche, Avenida Ipiranga, República e o Conjunto Metrópole. Foi nesses locais que os homossexuais começaram a ocupar a cidade enquanto coletivo. A comunidade se reunia em bares, praças ou em banheiros públicos em busca de sexo.

Quem visitou a cidade e não conheceu o Largo do Arouche? Eu nasci na cidade e tenho o largo como referência desde 1973 e já escrevi aqui no blog várias referências e passagens sobre a ferveção nos bares, boates e banheiros. Hoje resido a apenas 400 metros da praça, é o quintal da minha casa.

largo do arouche

O Arouche é o logradouro brasileiro com o maior número de endereços LGBT, em levantamento realizado pelo Guia Gay São Paulo. E o próprio largo também é área de convivência dos gays e lésbicas, especialmente nos fins de semana.

No coração gay da cidade, o Largo do Arouche é rodeado quase exclusivamente por lugares do mundo mix, como lojas, bares, cinemas, saunas, clubes do sexo, restaurantes e até padaria gay! Sim, é verdadeiramente um bairro gay, semelhante aos bairros de Toronto e Barcelona porque além do comércio e de serviços há diversos prédios residenciais ocupados por morados gays de todas as idades. Os moradores mais antigos ainda residem por lá.

Hoje o largo não está abandonado, mas carece de revitalização, pois há mais de duas décadas nada foi feito para melhorar este espaço urbano.

Mas boas notícias são bem-vindas e o local será revitalizado a partir da segunda quinzena do mês de junho, talvez após a Parada Gay 2018.

O projeto de reforma para o Largo do Arouche, inclui a criação de um quiosque LGBT.

O espaço prestará atendimento social, psicológico e jurídico para a comunidade arco-íris. Outros três quiosques vão abrigar a administração do Largo (com uma horta comunitária anexa), base da polícia militar e banheiro público 24 horas.

Idealizado pelo escritório de arquitetura francês Triptyque, o projeto prevê a demolição do atual Mercado das Flores, inaugurado em 1953, e a construção de um novo, que terá marquise para captação, armazenamento e reúso de água da chuva para rega da plantas.

Segundo a Câmara de Comércio França-Brasil, 25 empresários franceses doaram R$ 2,3 milhões para a obra. A Prefeitura de São Paulo não informa os valores.

O projeto também prevê área para cães, bancos de madeira e concreto e um playground que poderá ser usado à noite.

Desde o ano passado, grupos, como o Coletivo Aroucheanos, fazem reuniões e discutem a reforma do espaço para que ele não perca a simbologia que possui para a comunidade gay da cidade e principalmente para os visitantes de outras cidades e estados.

É aguardar, conferir e acompanhar o projeto.

Nota: Parte do texto foi extraído exatamente como publicado no Guia Gay de São Paulo

Grisalhos, oito anos de labuta e diversão 

 

Num final de tarde ensolarado do dia 22 de janeiro de 2009, eu formatei o primeiro texto para publicá-lo neste blog. Era um artigo do teólogo canadense Gregory Baum.

Desde aquele dia até os atuais foram mais de setecentos e cinquenta textos e um trabalho que completou oito anos. Há registro de quase três milhões de leituras.

Eu sempre gostei de escrever, é uma forma de externar os meus pensamentos e não imaginava a repercussão e a abrangência dos meus escritos.

Dos confins de Angico dos Dias, na borda do Parque Nacional da Serra das Confusões, entre o sertão baiano e o Piauí, até terras de além-mar, como Portugal e Espanha e com muro ou sem muro, Canadá e Estados Unidos.

Sou crítico de mim mesmo e fico plugado nas notícias ou tudo o que envolve a homossexualidade. Aproveito cada momento com pessoas conhecidas, amigos e até parentes para observar pontos de vista, comentários e principalmente, como as pessoas veem a questão. As neuroses e medos dos próprios gays, suas frustrações, tristezas e alegrias.

O blog é um repositório de ideias sobre o universo dos gays maduros e idosos, mas como eu não faço distinção, muitos temas atraem também os jovens. Isso é ótimo! Renovação constante!

Os textos já foram utilizados como fonte de pesquisa para trabalhos acadêmicos, cinema experimental, jornalismo, sociologia, temas de revistas e televisão.

Recentemente fui procurado por uma pessoa da TV Globo, mas esse não é o objetivo deste trabalho e também porque não almejo visibilidade.

São as paixões e não os interesses que conduzem o mundo

Alain Guzman (1868-1951), compositor e músico português.

Eu quero continuar escrevendo coisas do cotidiano e sobre experiências pessoais, para contribuir e auxiliar outros gays, fomentando a discussão. Também, os textos ficarão registrados no ciberespaço para as futuras gerações.

Incontáveis fatos e historias dos últimos oito anos me motivam pesquisar, conversar com pessoas, ouvir histórias e mesmo com erros e acertos, trazer ao leitor a minha visão simples sobre a realidade dos gays.

Através deste cantinho eu colecionei algumas amizades, de longe e de perto, porque de alguma forma, todos os leitores mais assíduos são  meus amigos.

Quem diria que um dia as ciências psicológicas e antropológicas descobririam que a orientação homossexual não é nem uma doença, nem uma perversão da natureza?

Pois é! Labuta e diversão

Vida que segue…

Sobre pintos e bundas

soldiers_parade_by_raphael_perezCaro leitor, transformar ideias em texto não é fácil. Quando escrevo os artigos, os textos começam herméticos e dá um trabalho danado deixá-los acessíveis e leves e sem perder a profundidade.

Assuntos dessa natureza não são comuns devido aos tabus arraigados no subconsciente coletivo. No mundo gay não é diferente, porque ninguém fala ou comenta, mas pensa, sonha, idealiza até materializar.

Sobre bundas eu acredito que se fala pouco e mesmo os ativos pensam mais em pintos. A bunda não faz sucesso entre os homossexuais e no ato sexual ela é figura secundária.

É interessante, pois a bunda dos homens é apreciada e cantada em verso e prosa pelas mulheres, mas gays não dão muita atenção aos seus contornos e formas.

A bicharada não imagina como é a bunda masculina sob a calça. O olho, invariavelmente, é direcionado para outras partes. Em sã consciência não prestamos atenção porque o objetivo é o pinto.

Há bundas magras, rebitadas, rechonchudas, lisas, ásperas, peludas. Também, não se fala: A sua bunda é muito gostosa ou que bundão, ou, que bundinha! Os falsos exaltam a bunda no ato do gozo e nada mais. É fato, somos atraídos pelo falo e não pela bunda.

Essa parte do corpo não interessa, porque o que interessa mesmo é o orifício central da bunda. É lá que se escondem todos os segredos do prazer homossexual, ou seria no pinto?

Quem tem vontade de comer uma bunda nem passa a mão e vai direto ao assunto, ou melhor, ao orifício. Se for apertadinho melhor ainda.

Gosto não se discute. Eu, por exemplo, adoro uma bunda com pelos, sim, porque se gostasse de bunda lisa transava com mulher. Nada contra os imberbes, mas bunda digna de troféu é aquela carnuda. Nesse universo os ursos fazem a festa.

Outra curiosidade: Os passivos sempre fazem o comercial de suas bundas. Vasculhe a Internet e vai encontrar coisas do tipo: bunda lisa, lisinha, redondinha e arrebitada. Esse marketing é antigo e direcionado aos ativos que dão pouca ou nenhuma importância ao cartão de visitas.

Mesmo secundária a bunda tem papel preponderante na relação com o pinto, pois o que seria dele sem a bunda?

As fantasias sexuais entre bundas e pintos vão além do simples ato da penetração. Os pintos, principalmente, aqueles monstros enormes e de difícil ereção passeiam vagarosamente sob a superfície lunar da bunda e viajando a centímetros do buraco fatal eles descansam no mar da tranquilidade.

Há que considerar as bundas empinadas. Elas são privilégio de jovens esbeltos e de corpos torneados. Invariavelmente, bundas dessa natureza são os melhores suportes para uma penetração leve e profunda, além do formato entre vales servem de suspensório ao pinto. Entendeu? Não é para entender, é para rir.

Entre outros tipos, destaque para a bunda gaveta. Essa é facilmente encontrada entre os homens magros e a melhor maneira de usá-las é não se permitir penetrar, mas sentar e enterrar o pinto dentro. Outro dia uma amiga confidenciou não conhecer bunda gaveta, mas imaginou que essa gaveta poderia ser a bunda de urso, reta, quadrada e sem protuberâncias.

Bundas à parte, o campeão de audiência é mesmo o pinto. O rei da natureza humana masculina e o preferido de nove entre dez homossexuais. Desde os mais tímidos, até os atrevidos são hipnotizados pelo poder do pinto. Gays assumidos idolatram e os enrustidos cobiçam porque ter outro pinto à disposição é demonstração de poder ao quadrado.

Os passivos se deleitam e os ativos são atraídos para trair a bunda e buscar um pinto.

O dito cujo, é observado dia e noite e por onde passa desperta o desejo da maioria. Sob a calça ele já é campeão, porque volume é o que importa. Mas cuidado! Nem sempre volume é sinônimo de tamanho. Um pintinho sempre se esconde entre bagos graúdos.

Aliás, tamanho nunca foi documento e a marca registrada de um bom pinto é a sua capacidade de penetrar sem machucar e fazer gozar sem masturbar.

Diferentemente da bunda, os pintos são artistas natos e os gays os pintam de todas as cores, formas e tamanhos. Há pintos brancos, morenos e negros, finos, compridos, carnudos e grossos e até modelo extra grande, para as bonecas poderosas.

O pinto tem tendências político militar, de direita e de esquerda, a maioria prefere a posição de continência, mas sempre tem um rebelde que insiste em apontar para o céu. Esses são os piores porque devido à anatomia da bunda, nem sempre é possível a penetração.

O pinto é narcisista por natureza. Seu dono procura sempre um espelho e observa o bilau para comprovar a beleza e masculinidade do membro rijo.

Pintos gostam de ser observados, paparicados, bajulados e lambidos, pois sabem que são os maiorais, cobiçados e adorados. A primeira reação de quem os persegue, é apalpar, acariciar e apertar entre os dedos, para depois cair de boca e lambuzar o danado e por fim escondê-lo do mundo no seu orifício sexual.

A natureza do pinto varia de acordo com o tamanho. Se pequeno é bicho danado e enganador, se tem porte médio faz cu doce para trabalhar e se é grande sente-se o próprio sol, já os extra grandes são tristes e solitários.

Quem tem vontade de dar, faz qualquer coisa para ter um pinto para chamar de seu.

Os comentários são sempre superlativos: Que pintão gostoso! Enorme, grosso e durão, mesmo sendo ele mindinho ou no máximo similar ao polegar.

Um bom pinto pode ser facilmente encontrado desfilando pelado e duro no escurinho do cinema, nos banheiros públicos e Shopping Centers, em parques e saunas. Durante o verão desfilam soberanos e até eretos mostrando a carinha sob a sunga nas praias de norte a sul do Brasil.

O seu verbete é quase infinito: pênis, cacete, caralho, vara, jeba, pau, bilau. Vai do cu direto para a mesa servido como mandioca, salsichão, chouriço, franguinho e salame servido na baquete. Do sorvete de saquinho à banana e a sobremesa está servida.

Apesar de cada homem ter o seu, o do outro é sempre melhor. Quem ainda não experimentou e usou um pinto alheio não sabe o que está perdendo e não dá para passar nessa vida sem um encontro mágico com este ser de outro planeta.

Enfim, no mundo gay bundas e pintos não vivem um sem o outro, salvo raras exceções de divórcios amigáveis onde cada um fica no seu lugar.

Há aqueles que não gostam de misturar pinto com bunda, ou porque são voyeur por natureza ou porque vivem apenas das delicias dos toques e pinto com pinto também dá tesão. Há quem diga haver mais mistérios entre o pinto e a bunda do que supõe a vã filosofia. Será?

Ainda assim, o pinto continuará seu reinado por toda a eternidade.

Crédito da imagem: Raphael Perez artista Israelense homoerótico