Homossexualidade não é doença

Caro leitor, há 32 anos, em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças; desde então, a data virou símbolo da luta por direitos humanos e pela diversidade sexual, contra a violência e o preconceito, dando origem ao Dia Internacional contra a Homofobia.

Para aqueles que não sabem, a homossexualidade passou a ser vista como patologia no fim do século 19, e era chamada de homossexualismo, por conta do psiquiatra alemão Richard Von Kraff Ebing que definiu como um distúrbio degenerativo.

Essa crença rendeu uma série de preconceitos médicos por quase 100 anos. De acordo com a OMS, após a retirada da homossexualidade do CID, houve uma rejeição das terapias de conversão e de conceitos como a cura gay, procedimentos que não possuem embasamento científico.

Atualmente existe uma conscientização maior de que a identidade transgênero também não se qualifica como um distúrbio.

A data é celebrada no mundo inteiro, com marchas e diversos eventos para conscientização das pessoas.

Nota: Imagem History Channel

Saúde dos gays na terceira idade

Caro leitor, aqui estou de volta após ausência de mais de mês, enfim, vida que segue.

Nos últimos 7 meses eu passei por várias situações fora do comum e todas relacionadas à saúde. Em agosto após exames de rotina fui diagnosticado com prostatite bacteriana, uma inflamação da próstata causada por bactéria e o tratamento é demorado à base de antibióticos. O tratamento terminou em outubro/2020 e após exames o urologista me liberou para as festas de final de ano.

Em novembro eu e meu parceiro arrumamos as malas e migramos para a chácara no interior de São Paulo. Lá as infecções por Covid eram menos frequentes porque a cidade é pequena e a chácara fica há 9 quilômetros do centro da área urbana.

Durante os dois meses seguintes eu comecei a sentir algumas dores no estômago, mas nada que preocupasse porque as refeições eram leves e à base de verduras e legumes. Assim passamos o Natal e Ano Novo no interior e retornamos à São Paulo nos primeiros dias deste ano.

Os ciclos de vida na terceira idade são menores e o que era normal a cada ciclo de sete anos reduz para um período de dois ou três anos, explico: Quando o corpo começa a envelhecer alguns sinais são percebidos e num período menor de um a dois anos e é necessário procurar ajuda médica para identificar os sinais e verificar se há algum problema mais sério.

Em janeiro as dores no estômago passaram a ser frequentes e em apenas 30 dias, após exames fui diagnosticado com pedra na vesícula e lá fui eu para uma cirurgia de emergência para retirada desse órgão. As pedras na vesícula são consequência direta do estilo de vida de cada um, da alimentação, do nível de estresse diário e por ai vai porque se acumulam ao longo de muitas décadas e um dia a conta chega e para mim ela chegou bem cedo.

E como se não bastasse, após a cirurgia eu já sabia que outra não demoraria para acontecer porque num exame de imagem identificaram um pólipo na bexiga.

Caro leitor, para você ter uma ideia, dia 16 de março/2021, 30 dias após retirar a vesícula já estava eu internado novamente para retirar o pólipo da bexiga e não foi surpresa fazer exame de Covid no pré operatório, internar sozinho e após a cirurgia permanecer sozinho no hospital por três dias até a alta médica.

Uma semana depois retornei ao urologista para retirada de um dreno na uretra e recebi o diagnostico da biópsia: Carcinoma de alto grau ( câncer maligno ) não invasivo e sem metástase.

O dr. Moacyr me disse que eu ganhei na loteria porque este tipo de câncer em 90% dos casos é invasivo com posterior tratamento à base que radio e quimioterapia. A rapidez do diagnóstico e a cirurgia num período de 30 dias minimizou os efeitos danosos deste câncer. No meu caso ele não estipulou nenhum tratamento e estou fazendo acompanhamento e no próximo dia 20 de abril farei um exame para análise dos resultados da cirurgia.

Nestes meses eu aprendi muitas lições que não se aprende em nenhuma escola ou faculdade. A vida física após os sessenta anos é uma caixinha de surpresas e as surpresas são reflexo do estilo de vida que vivemos antes desta faixa de idade.

Eu sempre fui fumante desde os 16 anos de idade quando passei a frequentar os guetos gays da cidade e após mais de 45 anos estou sem fumar há 30 dias, porque o médico disse: Se não parar de fumar o câncer tem grandes possibilidades de retornar e mais agressivo.

O mais interessante nessas experiências que tive nos últimos meses é a obrigação de mudar os hábitos alimentares, bebidas, cigarros e buscar uma qualidade de vida diferente que nos dê uma sobrevida porque ninguém espera morrer aos sessenta anos.

A vida é finita mas podemos prolongar nossa existência e fugir das estatísticas buscando a qualidade de vida seja ela física ou mental porque quando o corpo está doente a mente entra em parafuso e ocorre um desequilíbrio entre corpo e mente.

Hoje após vivenciar essas experiências eu tenho certeza que podemos mudar os rumos da nossa vida, bem como, mudar nossa ideia de VIDA e com quem nos relacionamos para proporcionar ao outro e a nós mesmos o melhor dentro das possibilidades de cada um.

Nos momentos difíceis é importante um plano de saúde ou dinheiro para pagar cirurgia emergencial. Sabemos que a população vive em níveis críticos, mas podemos criar condições no decorrer da vida para ter uma velhice digna. Não adianta ter dinheiro e gastar com coisas fúteis porque tudo na vida é passageiro e não levamos nada daqui. O dinheiro pode lhe dar uma condição para ter os melhores tratamentos para os problemas físicos futuros.

A ciência está ai para prolongar a nossa vida, mas para isso é importante acreditar nela. Já não basta esta pandemia que vai ceifar um número incerto de vidas neste país e ainda temos que conviver com os problemas de saúde de cada um, porque cada corpo é um corpo.

Especificamente, a saúde dos gays idosos passa por mudanças comportamentais e hábitos que ontem eram saudáveis e hoje são danosos. O ser humano precisa se adaptar às transformações do corpo porque ele muda a cada dia da nossa vida. Na juventude tudo é festa, bares, boates e sexo sem compromisso e casual, bebidas, cigarros e drogas são o combustível para noites e finais de semana de orgia. Tudo isso é válido e faz parte da vida de todos e quem não viveu desta maneira não viveu a plenitude da juventude.

Na fase adulta os exageros diminuem por conta das responsabilidades, principalmente profissionais, mas é preciso entender as transformações que estão ocorrendo no nosso corpo. Quem não nasceu com problemas congênitos já tem meio caminho para uma vida saudável.

Tudo na vida acontece por tentativa e erro. Quando fazemos uma ação que envolve o nosso corpo e essa ação não causa dano imediato temos a prerrogativa de repetir novamente ou incluir a ação como rotina e essa rotina pode desencadear ao longo do tempo gatilhos específicos para problemas de saúde.

Não precisamos nos limitar aos prazeres da vida, mas temos que avaliar cada prazer e o preço que ele cobra no presente e no futuro. Nada acontece por acaso e os problemas de saúde são consequências da vida que cada um escolheu viver.

Um amigo diz: Só percebemos que estamos envelhecendo quando os problemas de saúde aparecem com frequência.

Sim, envelhecemos e se chegamos na velhice já é um prêmio, mas queremos viver mais porque nos sentimos jovens para a vida é a ciência nos dá a possibilidade de viver mais alguns anos.

As incertezas de cada um

Caro leitor, passados mais de cinco meses desta pandemia ainda há muitas incertezas sobre o futuro próximo.

A normalidade está disfarçada nas atitudes das pessoas, observo comportamentos inadequados por uma falsa sensação de segurança. Também vejo estampado no rosto das pessoas um sorriso tímido. As pessoas estão sérias e amedrontadas. Enquanto isso os jovens super heróis invencíveis estão circulando por ai e os jovens gays já participam de festas íntimas regadas a muito sexo. Eu não tenho nada contra, mas há outras prioridades 😡

Os gays idosos estão se permitindo sair mais, acompanhando uma tendência em todas as cidades brasileiras e isto não é nada bom. O estritamente essencial deu lugar às coisas banais disfarçadas de necessidades físicas para caminhar.

Grupo de risco é coisa séria e não tem como fugir disso.

Nesta semana faleceu de Covid uma grande amiga, a Jô funcionária do ABC Bailão desde os primeiros anos da casa.

Eu fiquei muito triste, pois ela lutava contra outra doença há alguns meses. Enfim, foi infectada e seus filhos também. 😪

As pessoas passam na nossa vida com um propósito, ela era alegre, amorosa e sempre preocupada comigo, meu companheiro e tantos outros gays que tinha amizade. Registro aqui o meu carinho ❤

Esta perda reforça a necessidade de manter o isolamento e cuidados até haver uma vacina.

As incertezas são tantas que não é possível mensurar um cenário favorável no curto ou médio prazo.

É necessário seguir a vida, mas com cautela na interação com pessoas porque as rotinas diárias envolvem relacionamentos pessoais.

Enquanto isso…. Neste final de semana o Bar dos Amigos aqui perto de casa estava abarrotado de gays e a maioria nem usava máscara, pois bebiam, fumavam e conversavam. Enfim, cada um é responsável por seus atos.

Incertezas de trabalho, estudo, contas a pagar, interações sociais, saúde física e mental, segurança e a normalidade estão longe no horizonte. 🙄

O mês de agosto se encerra com muitas dúvidas sem respostas e apenas o tempo para colocar as coisas no trilho.

Que setembro traga novas esperanças para a redução dos contágios em todo o Brasil e o mundo 🌏🙏