O fim de ano chegou

Caro leitor, estive ausente durante o mês de novembro por conta de uma bateria de exames sempre necessários para quem é idoso 😂, mas fique tranquilo, pois está tudo bem com a minha saúde.

Aliás, o ano está chegando ao fim e posso afirmar que foi um ano bom. Desde 2020, enfrentei muitos problemas de saúde e em 2023 eu vivo uma fase excelente.

E para coroar o ano bom no próximo dia 13 eu vou viajar para o sul do Brasil. Uma viagem de 30 dias, de carro pelas estradas e sem pressa de chegar ou partir. Eu adoro viajar 🚙

Os gays na terceira idade ficam presos em rotinas massantes e monótonas, suas rotinas definidas para a segurança e muitas vezes eles se esquecem que o mundo lá fora é vibrante.

A vida nos proporciona uma infinidade de possibilidades, desde um amante caliente até aventuras inesquecíveis.

Ser gay não nos impede de viver a plenitude da vida e como diz uma amiga: viajar é descobrir uma infinidade de coisas lindas!

O meu roteiro inclui Curitiba, uma cidade tranquila onde no passado já desfrutei das saunas gays do Batel e dos passeios por parques arborizados e seguros à procura de alguém para dividir a cama, além das paqueras nos banheiros da rodoviária 😋

No meu roteiro incluí a cidade de Campo do Tenente para visitar um Mosteiro, afinal quer melhor lugar para meditar e estar em paz com a natureza?

Passarei por Mafra já em Santa Catarina e ficarei alguns dias em Lages. De lá até o destino final em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Eu gosto da região dos vinhedos e 15 dias são necessários para visitar muitas cidades da região.

Em Veranópolis tem um restaurante giratório a 70 metros do chão com uma vista privilegiada. Enfim, quer conhecer mais então vá viajar porque a vida passa rápido e na velhice ficamos com muitas limitações.

Aproveite cada momento e não deixe passar as oportunidades, afinal nunca sabemos o que nos espera na próxima esquina.

Viva e seja feliz! 😘

os gays idosos hoje

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Caro leitor, este é o meu último post de 2019, pois na próxima sexta-feira sairei em viagem para o sul do Brasil retornando após o dia 10 de janeiro/2020.

2019 foi um ano bom, com boa saúde, muitas viagens e muito aprendizado. Sim, porque mesmo na velhice aprendemos diariamente como se manter neste mundo de tecnologias e também, muita homofobia.

Em longas reflexões eu constatei que existem alguns parâmetros individuais para ter qualidade de vida na velhice, principalmente, se você é gay.

Obviamente, o primeiro parâmetro é o seu nível socioeconômico porque se você tem um bom nível social e econômico tem um diferencial em relação à população em geral. A começar por planos de saúde onde os preços estão fora da realidade.

Eu sempre digo: primeiro saúde e depois dinheiro!

Outro parâmetro é o seu conhecimento sobre o que acontece na sociedade e como adaptar-se a ela sem sofrer grandes traumas, porque não é nada fácil viver numa sociedade onde o valor material importa mais do que a relação humana.

Outro parâmetro é a percepção do isolamento porque numa cidade como São Paulo não existem opções para os gays da terceira idade socializar. São poucos os nichos de mercado, é como um gueto dentro de outro gueto.

Dai surgem outros parâmetros menos importantes. Ter alguém para compartilhar os momentos da vida e ter segurança é muito importante, mas manter relações sexuais fica para o segundo plano.

Quando envelhecemos não lembramos que a mente não envelhece e sim o corpo e todo o cuidado é pouco quando o assunto é a parte física.

Para mim hoje é mais importante viver uma vida minimalista, com simplicidade, espaços menores, menos coisas para cuidar e mais tempo para ter a qualidade de vida que sempre desejei.

Lembro haver certo receio na população LGBT idosa sobre o fantasma do isolamento, de viver sozinho e ter poucos amigos, mas Ces’t la vie. É necessário sair do seu próprio armário e aventurar-se em situações prazerosas.

Ainda é comum que as pessoas idosas sofram exclusão, e isso não é diferente com o gay idoso. Muitos são submetidos a constrangimentos no momento em que expõem sua identidade em determinados locais ou na presença de determinados grupos, inclusive, os gays.

Uma amiga me disse há mais de 20 anos: Todo os seres humanos gostam de viajar, porque quando viajamos não pensamos em doenças ou mortes.

Eu adoro viajar e me aposentei com 58 anos para conhecer lugares e pessoas. Nessas minhas andanças por este Brasil eu nunca me senti constrangido por ser gay, isso ocorre porque é preciso se impor, primeiro como cliente e depois como ser humano independente de opção sexual.

Os gays idosos da minha geração ainda tem medo e receio de confrontar a sociedade. Não precisa confrontar, basta ignorar e viver a vida.

O que faz a diferença na atualidade é conhecimento sobre todos os assuntos possíveis e inerentes à nossa vida, cultura também é muito bom, porque música, teatro e literatura preenchem o vazio existencial.

Outro fator importante: colecionar bons e sinceros amigos, porque nosso mundo é um espetáculo diário de vaidades e falsidades.

Enfim, sigamos em frente e que o verdadeiro espírito natalino reine entre os seres humanos nem que seja por um dia!

 

 

 

 

 

Os emigrantes gays brasileiros

gays-emigrantesCaro leitor, correntes migratórias ocorrem desde os primórdios da humanidade e geralmente são decorrentes de situações adversas.

Especificamente os imigrantes e emigrantes gays têm como fato principal a homossexualidade e suas barreiras sociais, a discriminação e homofobia.

Durante o regime da ditadura brasileira, os homens e mulheres saíram do país devido às ideologias políticas, mas nesse contingente havia muitos gays que emigraram para os Estados Unidos, atraídos principalmente pelo movimento hippie dos anos 1960 e 1970.

Viver na América sempre foi o sonho de consumo, não apenas dos gays, mas dos brasileiros de uma forma geral.

Nos dias atuais os principais destinos ainda são os Estados Unidos e Canadá e em casos pontuais novos destinos passaram a ser referência para o público LGBT. Exemplos de Espanha, Portugal e a nossa vizinha Argentina.

Com o advento da internet o mundo ficou acessível e os gays saíram na frente e buscaram conhecer pessoas desses locais e daí para o processo de emigração foi um pulo.

Por experiência própria vários amigos e conhecidos saíram do país atraídos pela liberdade da sexualidade e muitos emigraram para a Espanha, país sabidamente aberto às questões da diversidade sexual. Barcelona e Madri são destinos certos para aqueles que buscam parceiros mais velhos.

Faça uma pesquisa em sites de relacionamento e em redes sociais e você encontrará uma infinidade de perfis oriundos da Espanha e por haver muita demanda, até mais que no Brasil, os admiradores de homens maduros e idosos optam por sair do país na busca do parceiro ideal e quem sabe um relacionamento estável e em última instância uma amizade que proporcione residência fixa.

Quando eu estive em Barcelona encontrei muitos gays brasileiros, alguns por pura diversão e aventura e outros já de relacionamento com espanhóis. O mesmo ocorreu em Madri e Lisboa.

Numa pesquisa recente mais de 70% dos homens que se prostituem na Espanha são brasileiros. Isso também ocorre em Londres, Bruxelas, Lisboa, Roma e outras capitais do velho continente. Deve-se considerar que a maioria não é travesti.

Travestis brasileiros predominam em Roma e Lisboa e também em menor fluxo em Madri.

Vale lembrar que uma das maiores colônias de brasileiros vivendo na Europa está na Espanha.

Só para ter uma ideia: Em 1998 residiam na Espanha, 2710 brasileiros e em 2010 eram 117 mil.

Outro fato interessante, obtido de um estudo de Juan Carlos Checa, professor titular de sociologia da Universidade de Almería diz respeito às uniões homossexuais que são mais frequentes entre homens brasileiros e espanhóis do que entre mulheres de ambos os países. Da mesma forma, pode-se comprovar que as uniões homossexuais entre as duas nacionalidades, de 2005 a 2010, são mais heterogâmicas que as estabelecidas pelos heterossexuais. Isso quer dizer o seguinte: Os gays brasileiros emigram para a Espanha, buscam parceiros e mantem relação estável por longos anos. Isto só comprova o que eu sempre acreditei. São os amantes envolvidos com os espanhóis que são apaixonados por latinos por achar exótico e sensual.

Isso não deprecia essas relações, muito pelo contrário, as fortalece. Porque se o brasileiro é jovem tem oportunidade de estudos e trabalho, se é maduro possivelmente já está estabelecido financeiramente e tem condições de morar noutro país e viver a sua sexualidade sem neuroses, além da bagagem cultural adquirida.

Texto extraído do estudo espanhol:

Assim, as uniões homossexuais binacionais também aumentarão com o passar do tempo, pois, se no princípio estas se mantiveram entre pessoas da mesma nacionalidade, posteriormente foram-se consolidando com membros de outros lugares. Não devemos esquecer que o comportamento matrimonial endogâmico, em alguns grupos e independentemente da sua orientação sexual, pode ser atribuído à influência das famílias, quando constroem um discurso baseado na distância cultural entre os grupos, destacando, especialmente, as diferenças religiosas e sociais, entre outros…

Outro fato interessante ocorreu nessas emigrações após 2010: O aumento do número de brasileiros gays vivendo no exterior que pediram asilo político alegando homofobia.

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Enfim, são diversos vetores dessa corrente migratória e nos últimos trinta anos eu perdi contato com pelo menos uns dez amigos que saíram do país, todos movidos pela paixão por homens mais velhos. Alguns foram para Miami, Fort Lauderdale considerado o paraíso dos gays idosos, a maioria foi para Espanha e outro foi para a Argentina.

Há também destinos como Lisboa e o Porto por conta da facilidade com a língua. No bom sentido é claro!

Mas nem tudo são flores. Lá fora também tem homofobia e mesmo em países como Inglaterra e Irlanda recomenda-se a discrição, principalmente neste último de maioria católica. O recado vale para os Estados Unidos e Canadá, pois dependendo da cidade o conservadorismo predomina.

Quando estive no Canadá em 2002, fiquei surpreso com a tolerância com a diversidade e não é para menos, hoje mais de 80% da população é a favor de relacionamentos homoafetivos. De Vancouver a Quebec e Toronto que é mais aberta à diversidade e possui um dos primeiros bairros gays do mundo. Eu já escrevi sobre isto noutro post, leia aqui.

Caro leitor, a emigração para outro país é uma decisão pessoal difícil, porque envolve cortar o vínculo com tudo. Eu nunca tive desejo de sair do Brasil e depois que conheci outros países ainda acredito que aqui é o meu lugar. Claro, eu resido na maior metrópole da América latina e isso é um facilitador porque tudo acontece aqui.

Se você reside em cidade pequena do interior eu aconselho se mudar para uma grande cidade do país e aí se não tiver jeito, o melhor destino é atravessar as fronteiras e buscar a sua felicidade em qualquer outro lugar do mundo e até na Austrália destino recente de gays brasileiros.