Caro leitor, estou novamente aqui depois de mais 20 dias de viagens para o interior paulista e norte do Paraná.
Nas minhas andanças por este país observo atentamente os cidadãos LGBT, principalmente, os mais velhos e idosos inseridos na sociedade brasileira.
Quando estive no sul do Brasil em dezembro, eu pude observar algumas situações comuns em cidades pequenas e locais de grande afluência de pessoas por serem cidades turísticas.
Diferentemente do que observamos nas redes sociais onde os gays são explícitos em seus escritos com preferências sexuais, nudes e outras formas de comunicação, a intolerância acontece por razões de opiniões e ódio onde todos se escondem num perfil nada confiável, às vezes fake.
Na vida real da atualidade existe uma falsa tolerância quanto às questões de sexualidade e gênero, bem como, de parceiros inseridos nos diversos extratos sociais.
Observei casais formados por mulheres jovens e também maduras, outros entre homens maduros ou jovens e um caso me chamou a atenção. Num restaurante no Mirante da Serra do Rio do Rastro na serra catarinense, um casal de dois jovens entrou para um lanche e após irem embora, uma mulher de uma família que estava numa mesa ao lado da minha soltou o seguinte comentário:
Eu não acredito que até aqui os viados aparecem.
Nota: Os jovens entraram no local, pediram um lanche e um refrigerante, se acomodaram numa mesa e não fizeram nada demais que afrontasse as pessoas presentes. Eles estavam bem vestidos, pareciam educados e introspectivos e não deram atenção a ninguém. Pagaram a conta e foram embora.
Analisando a situação eu conclui aquela atitude como um esteriótipo social dos anos 1970, onde obrigatoriamente os habitats dos gays eram, as boates, saunas e bares das grandes cidades, os chamados guetos.
O cidadão comum brasileiro é intolerante por natureza e a falsa tolerância é enrustida por questões comportamentais, familiares e sociais (dependendo do local) preferem o silêncio, mas não deixam passar e externam o preconceito de forma velada e jocosa.
Noutra situação já num hotel em Bento Gonçalves/RS, um casal de gays maduros estava tomando café da manhã quando chegou um casal heterossexual com uma criança de uns 10 anos de idade. Ao perceber os dois homens juntos o patriarca acomodou a família bem longe daquela mesa e ainda ouvi uma gracinha apontando para os dois sentados à frente deles.
Caro leitor, essa falsa tolerância demonstra que nada mudou em relação à homossexualidade. É tudo muito bonito e lindo o que vemos nos mais diversos meios de comunicação, principalmente na TV, mas no mundo real é preciso ser cauteloso nas questões comportamentais para não ser motivo de chacota nos locais que frequentamos e não importa se você está num hotel cinco estrelas, numa pousada ou na rua porque somos observados e marcados como desviantes do padrão social heteronormativo.
As pessoas se dizem tolerantes mais por status social do que suas reais convicções porque a família e a religião moldaram sua personalidade e para mudar isso é muito difícil.
Eu estou fora do mercado de trabalho há mais de dois anos e nesse ambiente também a falsa tolerância existe por questões óbvias de manutenção do emprego. Raras são as empresas que possuem programas voltados à conscientização da tolerância real e sem embustes.
Ninguém precisa aceitar o que não é padrão, mas a minoria gay está presente em todos os locais e a maioria nem aparenta ser o que é, gays com cara e comportamento de homem, até as lésbicas estão feminilizadas.
Eu chamo essa falsa tolerância de tolerância enrustida e é consequência direta da exposição pública e a maioria não quer ter seus nomes ou imagens vinculados aos escândalos sociais porque hoje basta um áudio, um vídeo ou clique para viralizar nas redes sociais.
Hoje em dia, diversos grupos de indivíduos na sociedade se vangloriam de celebrarem a diversidade de culturas, filosofias e escolhas pessoais, e combaterem intensamente os preconceitos enraizados nela. No entanto, tal fachada de tolerância e boas intenções esconde uma verdade inconveniente: o desejo destes grupos de impor seus padrões ao resto da sociedade e sua intolerância com quem não pensa ou vive como eles.
Também, essa tolerância enrustida demonstra falta de educação, evolução e respeito com o ser humano, pois vivemos dias sombrios e a intolerância é marca registrada destes tempos.