Mês do orgulho gay versus violência

Caro leitor, eu me recuso a aceitar a sigla LGBTQIA+ porque a cada letra incluída maior é o leque de pessoas envolvidas e eu nem sei se isso é bom ou ruim. O movimento Queer a cada dia inventa uma letra para definir comportamento e sexualidade.

Como vocês devem saber o mês do orgulho é junho por conta da rebelião de Stonewall em 1969. Naquela época eu tinha 10 anos e só passei a entender o significado daqueles atos no final do anos 1970, após iniciar a minha vida nos guetos gays e passar pelas forças armadas.

Naquela época eu posso afirmar que todos eram enrustidos e obviamente a homofobia era quase inexistente. Os relatos de violência contra os gays eram escassos e alguns casos trágicos estampavam paginas policiais dos principais jornais e envolviam principalmente os travestis e os raros casos de serial killer eram evidenciados em casos de repercussão nacional.

A partir do surgimento dos primeiros movimentos sociais e a ascensão dos homossexuais na mídia tudo mudou e continua mudando até os dias atuais. A violência e a homofobia foi aumentado junto com o aumento da visibilidade.

A parada gay se espalhou nas capitais brasileiras e nas cidades menores gerando uma revolta da população em geral, principalmente a masculina porque o Brasil historicamente é patriarcal e machista.

Com a revolta do machões contrários à exposição livre dos gays a homofobia aflorou em todos os extratos sociais, sempre das castas mais baixas para as altas, ou seja, quanto menor a casta maior o índice de violência. Também, quem se expõe mais está sujeito à violência e ódio.

Ódio, aliás, que está presente nas redes sociais porque a visibilidade dos gays está em todos os meios de comunicação e a Internet é terra sem lei. Os gays, as lésbicas, os bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexual, assexual ou aliados. Portanto, a salada de letras é ampla e gera atritos dentro do próprio meio “gay”, principalmente queers e transgêneros.

O mês do orgulho gay é importante para lembrarmos que somos minoria e somos discriminados desde a juventude até a velhice e ninguém vai te proteger na sua jornada.

A violência contra as minorias é um absurdo, todos os dias tem notícia ruim de violência e morte de homossexuais e o mais interessante é que o foco são os do sexo masculino, porque? Porque são os machões que não querem ver ascensão de gay masculino. Isso não é exclusivo do Brasil, mas estamos no centro mundial dessa violência;

Recentemente um serial killer foi preso no Paraná acusado de matar três gays jovens e que pretendia matar um por semana. Os gays jovens são alvo fácil da violência porque não tem experiência de vida para entender como a engrenagem funciona.

Este é o serial killer. Bem bichona 😡

No Brasil atual os gays estão sendo acuados por tradicionalistas, evangélicos e defensores da família. Os conservadores querem a qualquer custo retomar o controle da sociedade e que se fodam as minorias. A luta é diária e depende de quem governa este pais para entender a dinâmica para acuar, ameaçar e matar quem se atreve a mostrar a cara.

A cada ano que passa o mês do orgulho gay fica mais distante do real orgulho de ser e se aceitar como gay, mas ainda assim existem motivos para acreditar e lutar por direitos independente de orientação sexual.

Para a sociedade conservadora os gays vão para o inferno e precisam ser curados. A violência é rotina no dia-a-dia dos gays principalmente os mais jovens e sempre começa dentro de casa com os familiares.

Os gays são perseguidos politicamente, ameaçados na Internet, não tem apoio de ninguém porque é um caminhar sozinho e são boicotados e massacrados a todo momento em todos os segmentos da sociedade.

Um exemplo é o caso de um jovem gay de 22 anos que foi estuprado violentamente por três homens, enfiaram objetos no ânus e tatuaram palavras homofóbicas no seu corpo. O caso ocorreu no dia 31 de maio na região central de Florianópolis e o rapaz está internado em estado grave.

O que eu percebo com o passar dos anos é um cenário de guerra tão desproporcional que chega a ser covardia imaginar dez agressores para cada homossexual.

Quando não é morte violenta são as agressões violentas que deixam marcas profundas na vida dos agredidos e esta é a intenção por trás dos atos.

Enfim, a luta continua e junho continuará sendo o mês do orgulho gay aqui e no mundo inteiro.

Blog dos Grisalhos: Onze Anos

sendak_headshot

Caro leitor, onze anos se passaram desde o primeiro post em 22 de janeiro de 2009. Nem eu imaginava que seria tão longevo.

Por aqui passaram mais de um milhão de visitantes únicos e mais de três milhões e seiscentas mil visualizações dos textos. São números expressivos se considerar que um blog não atrai tantas pessoas quanto as redes sociais.

Após a minha saída do mercado de trabalho em 2017, eu reduzi os escritos por conta de uma vida mais plena, mais saudável, mais tempo longe da cidade e mais perto da natureza.

Eu me preocupo com as questões LGBT porque sou um deles e com quase 61 anos de idade ainda me fascina a diversidade dos homossexuais, principalmente os masculinos.

Escrever sobre os gays na terceira idade não é tarefa fácil, mas eu me esforço para atualizar os comportamentos que mudam à medida que a sociedade evolui.

Outro dia eu fiz uma retrospectiva da minha vida e posso assegurar aos leitores que ela foi plena, pois das dificuldades vividas ao longo dos anos 1960 até a virada para o século XXI, eu tenho plena consciência de todos os grandes acontecimentos marcantes e assim modulei o meu comportamento para vivenciar sempre o presente.

Também, estou crítico em relação aos jovens gays, porque o amor homossexual que não ousava dizer seu nome ficou no passado e hoje a banalidade sexual exposta em redes sociais é um retrocesso porque pensar em sexo 24 horas por dia é algo surreal.

A angústia e a solidão marcará esta geração muito mais do que a minha. A plenitude do amor não é mais expressada com sentimentos e sim com desejos momentâneos de prazer carnal. O sexo pelo sexo, ativo, passivo. Não há diálogo entre os parceiros e o Smartphone não aproxima, afasta.

As tecnologias estão ai para somar e não para dividir e infelizmente entre os gays os vínculos de amizades não existem na vida real. A solidão é anestesiada por contatos frenéticos, troca de mensagens, de nudes e por ai vai.

Em São Paulo nos anos 1970 e 1980, existiam os footings na Avenida Ipiranga que ocupavam várias quadras. As pessoas caminhavam, trocavam olhares, puxavam conversa e saiam juntas para uma noitada. Hoje isso não existe mais!

O mundo mudou e com ele a forma como os gays se relacionam e isso não tem volta. Não adianta ser saudosista.

A vida é pra frente e nesta balada publicarei artigos comparativos entre o passado e o presente, as formas de abordagem, os guetos, o mundo mix, o pink money e a eterna busca por parceiros para relação estável porque no fundo o que queremos é sentir segurança na companhia de alguém que pelo menos sinta alguma coisa por nós, mesmo que custe alguns favores, dinheiro e que esteja conosco na hora que mais precisamos.

Mais um ano e mais artigos virão….

Blog dos Grisalhos: Dez Anos

wp-1486144984181.jpg

Caro leitor, pois é, dez anos se passaram desde o primeiro post em 22 de janeiro de 2009. Nem eu imaginava que seria tão longevo.

Por aqui passaram quase um milhão de visitantes únicos e mais de três milhões e trezentos mil visualizações dos textos. São números expressivos se considerar que um blog não atrai tantas pessoas quanto as redes sociais.

Eu até pensei em mudar a plataforma, mas após observar atentamente o Facebook, Twitter e Instagram, preferi manter o blog, porque a ideia inicial era escrever sobre o cotidiano dos gays maduros, idosos e seus admiradores e permitir interações apenas por comentários que complementassem os textos.

Aqui qualquer tentativa de pessoas anônimas de disseminar ódio, racismo e homofobia é banida por mim, assim os artigos ficam preservados.

Após uma década a ideia inicial permanece porque todos os 808 textos publicados estão disponíveis aos leitores antigos e aos novatos. A plataforma do WordPress é segura e manterá este conteúdo por mais uma década pelo menos.

Escrever sobre a homossexualidade com seriedade não é tarefa fácil, abrange uma gama quase infinita de temas, principalmente, do cotidiano, das vivências e das experiências que posso compartilhar com os leitores.🏳️‍🌈

Eu sei que muito do que escrevi ao longo da última década ajudou muitos leitores. Gays anônimos de todas as partes do Brasil e também de diversos países do mundo. Eu não sou psicologo, mas a psicologia das vivências homossexuais se assemelham em diversos aspectos e contribui para o entendimento de quem somos e porque somos diferentes do padrão.

Hoje quase 40% das leituras diárias são do exterior: Estados Unidos, Portugal, Canadá, Turquia, Espanha e França, nesta ordem.

A seguir, a abrangência dos Grisalhos no Mapa Mundi em dez anos:

mapa_grisalhos

Também, eu sei que nesses dez anos fiz algumas poucas amizades reais com alguns leitores e foram encontros agradáveis onde pude compartilhar experiências e captar novas ideias sobre a homossexualidade masculina.

Aposentado há mais de um ano, hoje eu tenho tempo para fazer o que gosto. Viajar, assistir filmes, ler bons livros e acompanhar as notícias diárias do que acontece no Brasil e no mundo, preferencialmente, sobre sexualidade. Estou fora das redes sociais porque é tudo muito vazio e sem sentido. Mantenho apenas minha rede pessoal no Whatsapp.

Eu dedico algum tempo para trabalhos sociais e há algum tempo criei uma conta no Mercado Livre para vender filmes temáticos sobre a homossexualidade masculina, feminina e a bissexualidade (veja o link aí no menu superior).

Enfim, eu estou dez anos mais velho e quase na casa dos 60 anos de idade.

Deixo aos leitores o vídeo a seguir do Sérgio Cursino que muito me inspira: