Os gays rasgam as fantasias no Carnaval

GalaGay-Isabelita-dos-Patins-e-Ricardo-AmaralNo Brasil, talvez não exista data mais aberta à diversidade do que o carnaval. Dos desfiles de escolas de samba aos blocos de rua, onde homens se vestem com roupas de mulher sem medo de ser feliz – a folia costuma receber e celebrar a comunidade gay todos os anos, em diversos cantos do País.

O termo rasgar a fantasia originou-se de velhos carnavais onde as pessoas mostravam-se como realmente elas eram em personalidade e comportamento, depois de tê-los dissimulado, ou seja, no carnaval você pode ser quem você quiser ser porque tudo é permitido.

Para os gays o carnaval é o momento de “sair do armário” e ir para as festas de rua ou salão com alguma fantasia que lhe seja especial ou particularmente pessoal.

A fantasia usada no carnaval tem relação com nossas fantasias mais secretas, aquelas que a gente não conta pra ninguém.

Para muitos rasgar a fantasia quer dizer “cair na folia”, para outros significa lavar todos os pecados, esquecer o cotidiano como se nada tivesse acontecido.

Os gays buscam os bailes de carnaval para soltar a sensualidade e a sexualidade reprimida, dessa forma, os bailes de carnaval servem como uma oportunidade anual para que o privado torne-se mais público.

A expressão desinibida do homossexual durante o carnaval comprova que a sociedade brasileira tolera a homossexualidade e a bissexualidade, mas no cotidiano não é bem assim…

Até a primeira metade do século XX, os homossexuais não tinham muito espaço para brincar o carnaval, exceto os bailes de salão. Isso ocorreu gradativamente a partir do final dos anos 40 com a institucionalização do carnaval através de ajuda financeira do governo de Getúlio Vargas, para as escolas de samba.

carnaval_gay_wordpressA partir dos anos 70 surgiram os primeiros bailes para o publico gay, onde travestis e Drag Queens deixaram suas marcas registradas. Personalidades como Rogéria, Isabelita dos Patins, Roberta Close, Telma Lipp e Claudia Wonder ferveram nos salões, principalmente no Gala Gay do Rio de Janeiro. Tanto que em 1984 Roberta foi a musa do carnaval carioca.

Portanto, há 30 anos os gays estão mais soltos, porque a partir do pioneirismo dessas desbravadoras, novos comportamentos foram assimilados na sociedade brasileira. Naquela época os homossexuais, travestis e transexuais não eram bem-vindos e nem endeusados como ocorre atualmente.

Mesmo assim, o carnaval ainda é uma das poucas oportunidades dos gays realmente soltarem a franga, rasgarem todas as fantasias e cair na folia, para libertar a sexualidade.

Ninguém precisa atravessar o deserto do Saara, dizer à mamãe que quer mamar ou perguntar à jardineira por que ela está tão triste para saber que, nos próximos dias, o carnaval vai mobilizar milhões de pessoas de norte a sul do País.

Então, um ótimo carnaval!

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Homossexualidade e Economia

homossexualidade_economia“Os sujeitos homossexuais só podem viver livremente suas sexualidades em lugares específicos, geralmente voltados ao entretenimento, com todas as suas limitações e artificialidades, pois a rua se estabelece como um lugar predominantemente heterossexual e repleto de moralidade”Reflexões de Pritchard (1998).

Os gays ganham mais visibilidade e o interesse dos empresários para investir em comércio e serviços específicos movimentando a economia de cidades, estados e do Brasil.

Conforme dados da ABRAT-GLS – Associação Brasileira de Turismo GLS – o turismo gay no Brasil movimenta hoje aproximadamente US$ 6,5 bilhões. Desse total, 70% vêm do turismo interno e 30% do internacional.

Também, não é de se admirar que o crescimento no setor seja maior do que o crescimento econômico de diversos segmentos no Brasil e as previsões para os próximos dez anos vão além da imaginação de qualquer economista.

O segmento LGBT tende a crescer nos próximos anos pela participação de grandes redes hoteleiras, companhias aéreas, construção civil, agências de viagem e turismo especializadas em atender este público.

Foi-se o tempo dos guetos escuros dos centros das grandes cidades. Hoje estabelecimentos comerciais de pequeno e médio porto estão em todos os lugares, inclusive, cidades do interior.

O mercado nacional concentra milhares de estabelecimentos, casas noturnas, bares, saunas, teatro, etc. que tem a cada ano consolidado mais espaços para atender a esse mercado no Brasil.

As cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Florianópolis ocupam os quatro primeiros lugares no ranking nacional de destinos LGBT.

Também, cada vez mais as feiras de turismo estão abrindo espaço para o público gay porque os viajantes LGBT gastam uma média de 57% a mais durante suas férias em comparação aos turistas heterossexuais.

Atrair turistas homossexuais passou a fazer parte da agenda de muitos destinos turísticos, cujos órgãos oficiais têm participado ativamente na construção de um ambiente mais favorável e amigável, estimulando a solidificação de espaços gay friendly.

No mundo as cifras também são astronômicas.

De acordo com a análise de números de um estudo de pesquisa de mercado apresentado no World Travel Market em Londres,  o top 20 dos mercados LGBT poderá arrecadar US$ 202 bilhões esse ano.

Quem lidera a lista são os EUA, com turistas LGBT atingindo US$ 56,5 bilhões em gastos.

A economia e a homossexualidade nunca estiveram tão próximas e considerando que o impacto emocional desses estabelecimentos sobre os consumidores homossexuais é incalculável.

O universo da rua frequentado por muitos indivíduos em busca de encontros homossexuais tem limitações óbvias: impessoalidade, o risco de violência e impossibilidade de uma interação mais social do que sexual.

O mundo comercial gay seria assim uma resposta a esta frustração, unindo a eventual busca por parceiros sexuais a uma possibilidade mais ampla de socialização. Com este cenário, os empresários estão sorrindo à toa e a economia também, agradece.

Pistantrofobia no mundo gay

OLYMPUS DIGITAL CAMERANome estranho não? Mas nada que não seja devidamente esclarecido.

Nascemos, nos descobrimos, vivemos e gozamos da juventude. Corpos rígidos, olhos atentos, raciocínio rápido e  hormônios a flor da pele. Com o tempo, os braços e pernas tornam-se flácidos, as rugas se espalham como raízes pelo rosto, as atividades inevitavelmente mudam e a experiência pode ser interpretada como ponto forte. Não adianta nem tentar escapar: todo mundo fica velho.

Mais do que o envelhecimento do corpo, o envelhecimento do cérebro gera uma série de doenças psicológicas, bem como, fobias de todos os tipos.

Entre os gays é comum o comportamento de não confiar nas pessoas por razões óbvias e eles tem motivos de sobra para serem desconfiados, mas nada que justifique o excesso de zelo porque isso apenas colabora para o isolamento social e, por conseguinte, problemas psicológicos, inclusive a depressão.

Não confiar nas pessoas tem origem nas experiências de vida de cada um e geralmente advêm de experiências negativas. O nosso cérebro sempre busca nas memórias os indicadores para nos direcionar comportamentos do presente.

Um exemplo do cotidiano está na confiança que depositamos nas pessoas, seja ele um amigo, um companheiro ou apenas um parceiro sexual e algum tempo depois nos decepcionamos porque tivemos experiências desagradáveis, tais como: o amigo traiu a sua confiança, o companheiro te trocou por outro e o parceiro sexual preferiu outro corpo mais belo.

Algumas situações negativas são inevitáveis. A verdade é que acumulamos experiências durante a vida e a homossexualidade sempre será o principal motivo de vivenciarmos situações negativas, pois estamos rodeados de circunstancias que geram negatividade em nossas vidas. É preciso batalhar muito para evitar situações dessa natureza.

Talvez, isso seja um dos principais motivos dos jovens gays que gostam de homens maduros e idosos sentirem-se desprezados, mas esses jovens não compreendem as experiências de vida dos mais velhos que em sua grande maioria tem medo de confiar no parceiro por experiências negativas do passado.

No mundo gay os seus personagens vivem constantemente desconfiados de tudo. Mas incubar uma fobia de medo extremo, para não confiar nas pessoas parece algo surreal. Então quando eu li sobre o assunto, eu achei o tema interessante e trouxe aqui no blog para debater com os leitores.

Um medo para ser patológico deve causar danos significativos no cotidiano das pessoas. No caso dos gays que sofrem dessa fobia, as suas relações ficam bastante comprometidas, gerando danos em toda esfera social, pois em tudo que é social encontramos relações e acredito que boas relações só se estabelecem na confiança, sem ela nenhum laço permanece por muito tempo. O mesmo acontece com as relações humanas, sem um nó forte da confiança não há amor, respeito, carinho, admiração e amizade que resista.

É muito complicado deixar de criar vínculos sociais por medo, devido a um passado negativo e que não volta mais.

Há algum tempo eu tento encontrar respostas para essa fobia, pois ela não é tratada como doença e parece-me que o efeito negativo sobre as pessoas restringe-se ao isolamento social e uma vida solitária, principalmente, na maturidade e na velhice.

Portanto, se você tem sofrido de Pistantrofobia procure um especialista, ele poderá te ajudar.