No Brasil, talvez não exista data mais aberta à diversidade do que o carnaval. Dos desfiles de escolas de samba aos blocos de rua, onde homens se vestem com roupas de mulher sem medo de ser feliz – a folia costuma receber e celebrar a comunidade gay todos os anos, em diversos cantos do País.
O termo rasgar a fantasia originou-se de velhos carnavais onde as pessoas mostravam-se como realmente elas eram em personalidade e comportamento, depois de tê-los dissimulado, ou seja, no carnaval você pode ser quem você quiser ser porque tudo é permitido.
Para os gays o carnaval é o momento de “sair do armário” e ir para as festas de rua ou salão com alguma fantasia que lhe seja especial ou particularmente pessoal.
A fantasia usada no carnaval tem relação com nossas fantasias mais secretas, aquelas que a gente não conta pra ninguém.
Para muitos rasgar a fantasia quer dizer “cair na folia”, para outros significa lavar todos os pecados, esquecer o cotidiano como se nada tivesse acontecido.
Os gays buscam os bailes de carnaval para soltar a sensualidade e a sexualidade reprimida, dessa forma, os bailes de carnaval servem como uma oportunidade anual para que o privado torne-se mais público.
A expressão desinibida do homossexual durante o carnaval comprova que a sociedade brasileira tolera a homossexualidade e a bissexualidade, mas no cotidiano não é bem assim…
Até a primeira metade do século XX, os homossexuais não tinham muito espaço para brincar o carnaval, exceto os bailes de salão. Isso ocorreu gradativamente a partir do final dos anos 40 com a institucionalização do carnaval através de ajuda financeira do governo de Getúlio Vargas, para as escolas de samba.
A partir dos anos 70 surgiram os primeiros bailes para o publico gay, onde travestis e Drag Queens deixaram suas marcas registradas. Personalidades como Rogéria, Isabelita dos Patins, Roberta Close, Telma Lipp e Claudia Wonder ferveram nos salões, principalmente no Gala Gay do Rio de Janeiro. Tanto que em 1984 Roberta foi a musa do carnaval carioca.
Portanto, há 30 anos os gays estão mais soltos, porque a partir do pioneirismo dessas desbravadoras, novos comportamentos foram assimilados na sociedade brasileira. Naquela época os homossexuais, travestis e transexuais não eram bem-vindos e nem endeusados como ocorre atualmente.
Mesmo assim, o carnaval ainda é uma das poucas oportunidades dos gays realmente soltarem a franga, rasgarem todas as fantasias e cair na folia, para libertar a sexualidade.
Ninguém precisa atravessar o deserto do Saara, dizer à mamãe que quer mamar ou perguntar à jardineira por que ela está tão triste para saber que, nos próximos dias, o carnaval vai mobilizar milhões de pessoas de norte a sul do País.
Então, um ótimo carnaval!
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