Reflexões sobre a solidão de um gay maduro

gay-olderFrequentemente este assunto vem à tona, por sugestão de leitores, troca de mensagens e a constatação de como isso interfere na vida de milhares de gays, desde os mais jovens até os maduros e idosos.

Desta vez traço uma panorâmica sobre o tema e as minhas experiências pessoais no decorrer da vida.

É importante distinguir solidão de solitário. Enquanto a primeira é um sentimento no qual uma pessoa sente profunda sensação de vazio e isolamento, a segunda trata-se de uma pessoa que vive ou gosta de estar só.

A solidão é o fantasma de qualquer gay, mas não é o fim do mundo, explico: Quando descobrimos a nossa homossexualidade, nós rompemos com o mundo, porque ninguém quer ser homossexual, ou quer? Podemos nos adaptar a ela, mas não nos aceitamos, por que não é o padrão normativo da sociedade. Pode até aceitar, mas isso leva muito tempo. É um aprendizado constante e tudo graças ao isolamento que gera o sentimento de solidão.

Os gays precisam entender e aceitar que sentir solidão ou vazio faz parte da vida desde os primeiros anos da adolescência até a morte – Descobrir-se gay é um divisor de águas, é onde tudo termina para um novo recomeço.

Não foi nada fácil quando eu descobri que gostava de homens e às duras penas fui aprendendo a driblar as circunstâncias do cotidiano, logo, ser solitário passou a ser comum e a solidão passou a ser companheira frequente.

No início foi meio estranho, pois eu estava acostumado às interações sociais. Ser homossexual cria uma barreira natural nessas interações e nos isolamos das pessoas, não porque gostamos de estar sozinhos, mas porque nossa diversidade sexual nos leva a mudar hábitos e costumes.

A minha primeira reação foi recolher-me, ficar calado. Passei a ficar trancado no quarto, para não ter de enfrentar a família, como se eles já soubessem do meu segredo.

Recordo-me dos anos difíceis da adolescência e à medida que eu me afastava da família a solidão se fazia presente em meus devaneios – O isolamento foi natural! Era como entrar num labirinto e não saber como sair.

Após o isolamento familiar ocorreu o isolamento social. Aos quinze anos eu deixei de frequentar a Igreja Metodista que eu tanto gostava de ir, porque comecei a ter desejos sexuais por um pastor muito gostoso daquela igreja – Só voltei naquele lugar para velar minha mãe que faleceu em 1986.

Outros isolamentos ocorreram no ambiente de trabalho, na turma de amigos da rua onde morava e dos colegas do colégio. Eu adorava música e junto com um amigo organizava bailes familiares nos finais de semana, mas por ser gay e com medo de sofrer constrangimentos, eu larguei tudo pra trás.

Quanto mais eu me isolava desses ambientes mais eu me aproximava dos guetos, dos bares gays, da pegação na noite paulistana, da busca por parceiros eventuais em banheiros públicos, cinemas, boates e inferninhos do centro da cidade – Eu não estava isolado, mas sentia a solidão ao quadrado!

Lá nos anos 70, todo final de semana eu saia de casa no bairro para ir ao centro da ferveção gay. Eu queria socializar com outros homossexuais sem ter que me esconder.

Nessas minhas aventuras eu conheci dezenas, talvez centenas de gays de todas as idades e todos eram iguais a mim, solitários e vazios.

Na fase adulta mudei meu way of life, eu foquei na faculdade e na estabilidade profissional e passei a buscar relações estáveis para fugir do isolamento. Mesmo depois de longos anos de relacionamento com meu amante, eu havia casado definitivamente com ela, minha amada imortal, a solidão!

Aos quarenta e poucos anos, descobri que estar só não era apenas estar sozinho, era também estado de espírito, pois me adaptei numa vida singular, sem exageros, com qualidade de vida e de poucos amigos. Naquela fase o meu estado de espírito estava elevado e a solidão sumiu por uns tempos.

Na última década a solidão tornou-se ótima parceira e nesse tempo eu também aprendi a driblar o isolamento. Hoje eu vivo bem sem ela e quando ela volta, eu a recebo com beijos e abraços apertados. Não sei dizer por que, mas eu não sinto mais a sensação de vazio.

Dizem que a solidão se apega aos seres humanos fragilizados, mas não sei se isso é verdade. Ela se apega àqueles que são sonhadores e sensíveis, principalmente, os que buscam relações de afeto, para preencher as carências da infância e da juventude. Muitos gays chegam à fase adulta carentes de tudo: de atenção, de conversa, de afagos, de motivação e de sexo.

Especialistas associam solidão às pessoas ansiosas, principalmente quando precisam conviver em grupos e no caso dos gays é difícil lidar com convivência social heterossexual – Talvez seja por isso que a maioria consome bebidas alcoólicas e drogas.

Aos cinquenta e seis anos eu vivo bem com a solidão. Ela não é nenhum bicho papão, muito pelo contrário, é amiga e companheira que me faz ver a vida de outros ângulos. Aprendi a transformar situações de nervosismo em empolgação.

Hoje eu tenho tempo para leituras demoradas, planejamento de ações futuras, viagens e passeios. O meu companheiro não entende como eu consigo passar uma semana isolado na chácara, observando a natureza, cuidando das plantas, do pomar, da manutenção da casa e com o mínimo de interação social. Ai eu digo: Como eu posso sentir solidão se faço coisas prazerosas?

Pensando bem, se eu não vivesse bem com o isolamento, eu não teria tempo para escrever os artigos do blog.

Hoje não faço questão de ter mais pessoas em minhas relações, apenas o meu companheiro basta. O importante é qualidade, não quantidade, portanto, alguns poucos amigos são suficientes para preencher o tempo livre.

Não é o que ocorre com os casais gays, eles querem ter amigos, mais amigos e amigos dos amigos, para preencher todo o tempo. Compreendo porque os gays tem essa necessidade louca de preencher a vida com pessoas. É porque querem a qualquer custo afastar a solidão e eles não entendem que isso é cármico e estava escrito nas estrelas.

A maioria dos gays procura um parceiro fixo, mas vivem dos parceiros sem nomes, do sexo anônimo na sauna, da ilusão de uma relação com um homem casado que se sabe de antemão que não irá para frente. Fadados à solidão? Não, pois eu já fiz tudo isso.

Aos jovens gays: ou vocês procuram rever um pouco os seus valores ou o hedonismo solitário será o destino de suas vidas. Amargo? Não, diria que é realista e faço uma crítica muito sutil, sem ser chato ou politicamente correto, a respeito dos valores da comunidade gay – Alta valorização do corpo e individualismo exacerbado.

50 comentários em “Reflexões sobre a solidão de um gay maduro

  1. Adoro festas anos 80/2000 que são muito usadas por outros grupos para arrebanhar frequentadores e muitas vezes venho embora chateado. Acabei indo a alguns pubs de música eletrônica que são povoados por gays . Mas apenas jovens, e a música não ajuda rsrs. A dúvida é a seguinte : onde vão os gays maduros? Deixam de gostar de música eletrônica?

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  2. Fantástico texto… tenho 47 anos e mesmo rodeado de pessoas sinto-me solitário. Imagine ser gay em uma cidadezinha de 3.500 habitantes no interior de SP…rsrs mas gosto da solidão, não tenho nenhuma neura em relação a isso. Apenas vejo o tempo passando e o sonho de ter um parceiro de verdade indo junto. Fazer o quê! Abraços!

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    1. Wilson, revendo este post li seus comentários de cinco meses atrás e fico feliz em saber que você não tem neuras quanto à solidão. Chamo isso de amadurecimento porque outros valores preenchem nossa vida, independente de ser ou não homossexual. Fiquei curioso em saber o nome da cidade. abraço

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  3. Bela mensagem, parabens. Realmente para enfrentarmos a solidão gay com saúde mental, devemos primeiro nos aceitar como somos, parar de se recriminar e procucar gostar de si, só então acharemos por onde conviver pacificamente e até prazeirosamente com nossa solidão. Milhares de heteros tambem vivem a solidão, mesmo os casados e com filhos. O importante é nem pensar em solidão e procurar algo que se curta para ocupar o tempo.

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  4. Solidão não é tão ruim. Sou gay assumido, e hoje estou namorando. Mas quando eu era solteiro, viajava muito, praticava muitos esportes, fiz amigos pra vida toda. Fui expulso de casa por ser gay, mas depois voltei aos meus pais, e graças a esta expulsão hoje tenho uma vida completamente independente. Nem tudo é ruim, é a vida.

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  5. Seu texto descreve de forma muito bem esse sentimento que me acompanha. Eu tenho 33 anos, e ainda não tive coragem de me assumir para minha família. A quase um senso comum de que a família percebe a homossexualidade de seus membros, porém a minha situação é diferente, pelo menos penso que seja. Eu tenho uma deficiência física e sempre fui muito tímido e pouco sociável. Por todos esses fatores a minha família considera até aceitável eu ter namorado pouco e ainda estar solteiro. Acabei me tornando um adulto carente de tudo. Meu sonho é encontrar um parceiro pra aliviar um pouco minha carência. Mas essa mesma carência acaba repelindo os poucos que se aproximaram. Por não ter um companheiro, sempre recorro ao sexo casual para satisfazer minhas necessidades sexuais e também buscando um pouco de afeto. Tento me ocupar com várias atividades ( trabalho e estou cursando a segunda faculdade), porém tem momentos que nem consigo me concentrar.Toda essa situação me deixa deprimido e por algumas vezes cheguei a pensar em suicídio. Só não fiz por causa da minha formação religiosa (por medo de ter que encarar ainda mais sofrimento). Seu texto me trouxe um pouco esperança, ao perceber que vc também passou por situações semelhantes e hoje está bem.

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  6. ola sou Alan e sou de vitoria ES ,muito bom é nós eremos que ler algo assim para nao desistirmos do mundo. ne;abraços regis

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  7. muito bom..sou novo tenho 26 anos .e desde de pre adolescente adimirei um coroa .mas achava estranho e me isolava pois tinha medo desses desejos..por ser evangélico tudo ficava mas complicado’ pra mim.
    Imagina a cena .um coroa de terno e grava lindo de 50 anos lhe abraçando e vc ter quer tirar de letra pra nao se enpogar? entao pra mim foi muito dificil ter quer aprender a lidar com isso..
    hoje tenho como namorado um coroa delicioso. do jeito que sempre sonhei ter…faz 6 anos q estamos juntos…

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  8. Que texto belo.Adorei.Me identifiquei em alguns dizeres seus querido Régis, se me permite.
    Estar só é meu momento.Sabe que ate gosto.Tem dias que choro,rsss, sozinho claro, mas faz parte.
    Não acredito mais em relacionamentos, mas acredito nas pessoas.

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  9. Que belo texto, tenho 26 anos e me identifiquei com algumas situações citadas. Chega um determinado tempo em que todas as baladas parecem ser iguais e você necessita estar com alguém, pois todos os seus amigos ht’s e até sua sobrinha tem um amor fixo, você começa a se perguntar se o problema é com vc e se isso durará até o final da vida, no meu caso mesmo sendo jovem, aprendi a conviver com o fato de estar sozinho e ser feliz dessa maneira. Quero acreditar que existem pessoas como eu que um dia vou poder encontrar, mas por enquanto prefiro pensar que tudo tem seu tempo.

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    1. Luiz,
      Lendo o seu comentário passou um filme na minha cabeça sobre a minha adolescência. Tenha a certeza que na maturidade você estará mais seguro.
      abraço

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  10. “porque ninguém quer ser homossexual, ou quer? Podemos nos adaptar a ela, mas não nos aceitamos, por que não é o padrão normativo da sociedade. Pode até aceitar, mas isso leva muito tempo”.

    Eu já passei pela fase da não aceitação… Foi difícil, mas não durou tanto tempo. Desde os 22 anos, que me lembre, sim… Eu gosto de ser gay – e se me fosse dado escolher, nas condições que passei. Escolheria, sem pensar duas vezes.

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  11. Bom texto. Mas sem atentar muito a diferença entre solitário e tal, será que você pode dizer solitário mesmo sendo que tem um parceiro?
    Acredito que solitário e sozinho seria caso não tivesse essa pessoa.

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    1. Patrick,
      Se você não está fisicamente com seu parceiro, pode estar solitário e sozinho. Mas eu acredito que no seu caso é solidão, porque mesmo estando com alguém sente-se só.
      abraço

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  12. Gostei muito do tema colocado é pertinente. Não comigo, nunca senti solidão e fui levando minha homossexualidade numa boa .Acho que depende muito de cada pessoa.Estou casado depois dum relacionamento de 33 anos e com 65 anos de idade, os dois decidimos sair de Copacabana e vir a morar na Argentina . Nos casamos primeiro no Rio e logo aqui na Argentina. Novas amizades, novo sistema de vida, um mundo novo.

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  13. zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

    Algumas partes, uhu super me identifiquei

    Mas chega um momento em q começa a ficar MUITO piegas, cheio de lições de moral… aí, putz, derrapou na pista…

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  14. … mas creio que essa “solidão imposta”, já está com seus dias contados, felizmente a sociedade vive em ebulição e os costumes mudam. Hoje a sexualidade é mais fluida, presencio ao meu lado mudanças positivas, vários amigos gays adotando crianças ou gerando seus próprios filhos, sem grande espanto: gay pode ter filho?
    Os pais já não expulsam seus filhos de casa, quando descobre que são gays.
    Pessoas já não são mais, tão excluídas dos ciclos sociais, por sua condição sexual.
    Novinhos, pensem positivos, um mundo melhor está por vir.

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    1. Alemberg,
      Seu comentário é pertinente, super atual e positivo. É bom ler e ouvir ideias como a a sua, é isso mesmo! Mas a solidão sempre será um problema individual, pois diversos fatores compõem o cenário de cada cidadão homossexual.
      Abraço

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  15. Sou homossexual desde meus 14 anos, entre prazeres, aventuras e casos duradouros sempre tive a concepção; que um.dia a velhice chegaria, não estou la ainda, hoje tenho 52 anos e sou feliz igual quando tinha 14 sempre mantenho minha autoestima, sou extrovertido, viajo adoro conhecer pessoas novas e sempre me amei e amarei, jamais deixarei a solidão ou isolamento tomar-me porque quando nascemos Deus nos da direito a ser feliz ate os últimos dias da nossa vida; não é minha opção sexual que ira me diferenciar de alguem e principalmente do mundo. Vim para o mundo para ser feliz e feliz serei para sempre sendo gay ou não, novo ou idoso, porque ao nascer já estaria certo a velhice e curtirei com amor e carinho a mim mesmo.

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  16. Puxa Régis, me identifiquei demais com o que disse. Vc descreveu minha vida e a de muitos. Que bom encontrar iguais, o que é difícil para gays. Tb me basto com meu companheiro e com poucos amigos. Já vivi tudo o que vc destacou e hoje, com 43 anos, vivo uma vida tranquila, saudável, de trabalho e estudos e algumas discretas idas ao cinema, teatro, espetáculos. Uma vida de “velho”, graças a Deus. Um beijo grande, fique com Deus. Hermes.

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  17. Perfeito seu texto .sinceramente me senti fazendo essa transição ………pensei que estava me tornando alguém chato e sem muitos amigos e percebi ao ler seu artigo que estou amadurecendo …parabéns e obrigado pelo blog

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  18. Ola pessoal
    Boa noite

    Me identifiquei muito com este tema abordado
    Tenho 46anos e a solidao ainda me me assombra.
    As vezes sinto que me isolei e faltam os amigos.
    Estranho logo agora que me encontro em um momento de ascensão profissional não tenho amigos como queria. Gostaria que todos estivessem aqui proximos de mim, compartilhando os nossos sucessos, nossas conquistas, nossas alegrias, mas infelizmente meus amigos do passado já se foram estão por ae… Acho que sou muito saudosista, valorizo o amor incondicional e verdadeiro sem mentiras e trapaças, aquele que chega a doer o coração, mas infelizmente esta tudo mudado, tudo agitado, sem glamour, sem romantismo, so de uma noite.. ai eu prefiro ficar sozinho, mas as vezes chega a doer estes momentos de solidão.

    Fico feliz em saber que isso são fases de nossas vidas e espero que possamos saber conviver e enfrenta-las das melhor maneira possível, cada um a seu tempo e a sua maneira.

    Obrigado pelo seu blog. continue com este trabalho maravilhoso !!

    Estarei sempre por aqui a partir de agora lendo e compartilhando de seus pensamentos

    Um forte abraco
    Renno Sao José dos Campos SP

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    1. Renno, desculpe-me pela demora na resposta ao seu comentário. O isolamento é natural para os gays. Vá em frente, conquiste o mundo. Abraço

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  19. Me olhando hoje,dentro dos meus 45 anos,posso dizer que já melhorei bastante. Viver com a família, pais,irmãos, sobrinhos…não foi uma escolha,foi circunstância. Meu pai perdeu a perna,minha mãe teve sérios problemas neurológicos, minhas irmãs, principalmente duas e eu,decidimos nos unir e segurar a onda.
    O problema é o de sempre : ninguém sabe de mim,vivo cercado de gente porém,vivo só.Para continuar,faço de tudo um pouco, pois se a vida já é difícil para um gay rico,bem estruturado financeiramente, imagina para um gay pobre,que já passou dos quarenta e tem que viver em casa com a família?!
    Sempre que possível, saio um pouco, procuro alguém,redes sociais já estou quase desistindo disso, quando encontro alguém,é sempre a mesma coisa,trata-se de caras novos,que querem se dar de bem, o tipo que ainda acha que o gay é apenas um viadinho ferrado que tem que pagar pra ser comido! Ou então, quando pinta alguém interessante, trata-se de algum coroa passivo e que só quer transar com ativo,na maioria exige que tenha um pinto de cavalo…etc. Mas,ainda na luta,não desisto!

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  20. Olá Regis, tudo bem?

    Cara, eu tenho 22 anos e há poucos meses assumi pra mim mesmo o tipo de pessoa que eu sou. Aprendi, e mais importante ainda, eu compreendi que eu nasci assim, e que não foi uma questão de escolha.

    Desde criança eu sentia algo diferente quando olhava pra homens mais velhos, tipo 40ões em diante; mas não sabia o que era. Quando comecei entender o mundo, sexualidade, percebi que eu era diferente.

    A coisa ficou mais complicada ainda porque nessa época eu frequentava igreja e minha família toda é envolvida na Congregação. Enfim, foi muito complicado pra mim até esse ano, porque vivia num complexo de como vai ser minha vida no futuro, se vou pro inferno porque gosto de homem; só que ao mesmo tempo eu não tinha pedido pra nascer e nem se quer ter o poder de escolha da minha orientação sexual .. foi difícil.

    Desencanei muito depois que me aceitei. Não sou assumido publicamente, nem pra minha família. Na verdade, três pessoas mais próximas à mim que sabem do meu gosto. Eu não sou afeminado, não tenho trejeitos, não dou pinta .. sou totalmente masculino, no jeito de andar, conversar e me vestir.

    Não tenho mais que dez amigos. Sou caseiro e evito muito sair de ‘rolê’ com uns colegas que as vezes chamam. Por pura falta de vontade mesmo. Meu lazer é blogar e acompanhar esportes (adoro futebol, basquete, volei, etc). Meu passatempo é frequentar os estádios e ginásios daqui de Bauru pra preencher um certo vazio que sinto e ao mesmo tempo me divertir. Mas falta alguém pra conversar ..

    Já fiquei, porém nunca transei com menina/mulher, e perdi a virgindade há quatro meses, com homem.

    Sobre o meu futuro eu projeto que serei uma pessoa solitária. Eu por enquanto moro com minha família mas já tenho planos de viver só no meu canto, na minha casa; pois sinto que essa é a condição de quem nasce ‘assim’, pois pela certa dificuldade e hipocrisia da sociedade acaba tendo uma vida meio limitada.

    Curto muito a companhia de um cara mais velho, não só pra sexo claro, mas pra trocar ideia, aprender, dialogar. Mas é difícil de eu encontrar. Por isso venho pra internet pra ver diversas coisas. Acabei de criar um blog do gênero, e nas buscas pelo google, acabei encontrando esse seu. Gostei e até deixei um comentário pela identificação que tive, rs.

    Ganhou mais um leitor. Parabéns pelo conteúdo!

    Abraços!

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    1. Regis minha historia e parecida com a sua sou de família evangélica e pra fugir da sociedade e do preconceito me casei com uma garota, ela 15 e eu 23. fomos ate feliz tivemos 2 filhos lindos, mas o circo da vida , nos separou depois de 12 anos de casados. Hoje morro eu e meu filho . que tem 10 anos e na solidão da vida . .

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  21. Sinto muito a solidão e essa sensação de vazio parece que nada preenche. sinto falta de um carinho, um abraço um “bom dia” :/ e isso fica mais evidente ainda porque tenho depressão, tenho diversas crises, vivo entre altos e baixos.
    De alguma forma é bom saber que não sou só eu que passo por isso….
    ótimo blog!

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    1. Olá Cris.
      Muito bom dia! Na vida tudo vem em ondas como o mar… uma hora a maré tá baixa e outra hora sobe novamente. E não esquente não que dias melhores virão!

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  22. retificando meu comentário anterior: “…embora eu NÃO tenha toda a sua experiência, já que me assumi bem tardiamente.” Aliás, acho que não tenho nem um vigéssimo da sua experiência nessa área de vida.

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  23. Amei seu artigo! Você mencionou coisas que estou vivendo no momento..Sou artista plástico e a arte faz tão bem para minha vida que quando estou trabalhando em uma peça ou mesmo fazendo projetos futuros com ela, que é algo muito prazeroso para mim eu jamais sinto essa sensação de solidão!

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    1. Olá Fábio
      A solidão é a sensação da vida sem sentido e de vazios existenciais. Quando preenchemos nosso tempo com coisas prazerosas tudo transforma-se em luz. abraço

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  24. Olá Regis.

    Seu blog é mesmo muito legal! Faz sentir que não estamos totalmente isolados. Ainda que não nos conheçamos, é bom saber que existe gente como a gente, embora eu tenha toda a sua experiência, já que me assumi bem tardiamente.
    Quando eu era adolescente me achava muito estranho. O meu tesão e o meu amor era só por homens mais velhos. Nunca senti nada por amigos da minha faixa etária. Então achava que eu não era homo. No início, para transar com mulheres, eu fechava os olhos e ficava imaginando os homens que eu sentia atração. Depois de um certo tempo, vinha tesão mesmo, até que não precisei mais desses subterfúgios. Fiquei casado com mulher até os 50, mas no fundo sempre senti que estava casado com a solidão.
    Hoje, assumido prá mim mesmo, e com o meu companheiro, a solidão não mais existe na minha vida. Ainda que, como você, eu também passe muito tempo solitariamente cuidando das minhas plantas e da casa, estou com a consciência tranquila e a alma cheia, vivendo a minha verdadeira natureza.
    Abraços.

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    1. Fernando
      As experiências aqui relatadas são exemplos individuais sobre esse tema amplo e complexo, mas que de certa maneira são comuns entre os gays….abraço

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  25. Puxa, algumas verdades sim, estão debaixo de nossas barbas…Hoje acho que sobrou até pra mim…Espero que meu sirfriend não leia esse texto, rsrs…

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