Na contramão da onda gay

gay_contra_mao_idosoAmor, dor, alegria, contato, comunicação, solidão, atração, esperança, desespero, são temas universais, independente de raça, gênero, classe socioeconômica, cultura ou orientação sexual.

Esses temas também estão inseridos no universo gay e foi legal eu reencontrar um velho amigo que há muito tempo eu não via.

Neste final de semana eu encontrei o José Carlos, um gay de 60 anos e que sempre está de bem com a vida. Ele tem posições bem definidas sobre alguns temas inerentes à vida dos gays.

A nossa conversa inicial girou em torno do assunto sobre a solidão e ele foi objetivo sobre o seu ponto de vista.

Para o Zé Carlos essa coisa de gay idoso, solidão, velhice e tristeza é coisa para psicólogos, porque ele acredita que cada um vive a vida que quer e merece e sem depender dos outros. A velhice é cruel com todos, gays ou não.

Sobre o amor ele diz que tem pessoas que passam a vida inteira e nunca amam ou não são amadas. Então porque ficar na expectativa de encontrar o amor da sua vida? Deixe acontecer e se não acontecer, tudo bem. Ninguém precisa de um amor para que a vida seja melhor.

Ele diz que podemos ser felizes mesmo sem termos um companheiro fixo ou um amor. Muitas vezes amigos são mais importantes do que amantes e amores. O momento atual é propício às relações abertas, típico da era de Aquário.

Perguntei por que todo mundo quer uma relação estável. Para o Zé essa coisa de relação entre dois homens é complicada e é melhor viver sozinho do que dividir espaços com homens que muitas vezes se esforçam para não complicar e não fazem nada para tornar a relação uma coisa realmente prazerosa. Tem muito gay se achando o dono do outro e isso não soma, apenas subtrai.

Na falta de alguém para dividir a cama, se aparecer um bofe para uma transa casual, tudo bem, senão, tudo bem também. Na falta de sexo, às vezes a masturbação resolve a situação emergencial.

Perguntei porque os gays idealizam a situação de “morar juntos”. Isso é até chato, os gays são muito vulneráveis. Essa coisa de dividir o mesmo teto é tema para heterossexual ou monges enclausurados.

José Carlos afirmou que os gays precisam aprendem a viver por si e não depender dos outros, porque na hora do aperto, todos somem e você terá que se virar sozinho. Nada como ter liberdade para viver a sua vida do jeito que você quiser.

Ele também não acredita em casamento gay. De cada dez casamentos, talvez um tenha vida longa. Isso é ideia plantada pela mídia gay, das tevês e revistas. O pior é que todo mundo acredita que isso resolverá todos os problemas.

Sobre adoção de crianças por casais gays ele me responde com outra pergunta: Mas porque um gay quer adotar uma criança? Isso não é normal. Os gays devem entender que sentem atração por homens, portanto, filhos nem pensar. Essa é outra situação plantada pela mídia, novelas, etc.

Para ele o mais importante é ter uma vida plena, com saúde, pois ninguém escolhe ser homossexual e a sexualidade não pode ser termômetro para a sociedade medir o que você é capaz de fazer para si e para os outros.

Viver sozinho não faz bem para a saúde mental, mas os gays precisam aprender a conviver com a solidão, pois assim crescem como seres humanos. Se você passar pelos vendavais da solidão estará preparando para o que der e vier. É preciso equilibrar suas emoções para ter vida saudável.

Enfim, o papo foi longo e falamos sobre muitos temas e no final ele ainda lançou uma afirmação interessante:

Eu acho tão bom o momento presente. As pessoas estão vivendo suas individualidades de uma forma nunca vivenciadas e isso é ótimo, porque assim, ninguém enche o meu saco para saber se sou ou não gay, ou, porque estou sozinho e porque não tenho filhos. Eu fico na minha e vivo hoje muito melhor do que eu vivia há trinta anos.

13 comentários em “Na contramão da onda gay

  1. Eu acho, aliás, eu não acho nada. Cada ser humano escolhe a melhor maneira para ser feliz. Não concordo que para ser feliz eu sou obrigado a me casar e ter uma família. Acho essas ideias heterossexuais demais, muito clichê. Não combina com a vida gay, nunca combinou. Mas, se muitos gays querem isso, quem sou eu para não aceitar. Discordar é uma coisa, condenar é outra. Já existe o casamento civil para os gays. Gays podem adotar. Enfim, todos podem ser felizes. Agora não me venha impor essas realidades como sendo as corretas. Não acredito em amor gay e pronto. É apenas a minha visão do mundo. Acho que pode existir paixão entre dois homens, mas paixão um dia acaba. Família normal é homem mulher e filho. Mas, se família para você é homem, homem e filho, mulher, mulher e filho, beleza. Que assim seja. Cada um escolhe como vai ser. Sem julgamento.

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  2. Roberto Freire, no livro Ame de vexame diz: “Falando de mim mesmo, creio ter
    pago pela liberdade em que vivo hoje com pelo menos a metade de
    minha vida em horas da mais penosa ou da mais fecunda solidão.
    Em outras palavras: quem não consegue se sentir só e na mais
    completa solidão não se liberta jamais
    .”
    Entendo a fala deste senhor, Roberto Freire fala de uma solidão sem mágoa, que é uma solidão eletiva, entendida e construída… E que pode – sendo às vezes necessária – ser vivida mesmo ao lado da pessoa amada.
    Mas é preciso entender que é [a solidão] eletiva e não obrigatória, contingencial e não determinística…
    A homossexualidade não deve ser motivo para privações, entretanto há que se contextualizar a realidade deste homem que com certeza teve experiências que o levaram a essa conclusão, a meu ver autopunitiva e autoexcludente, como quem diz; sou gay e não tenho direito a tudo…

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  3. Credo, discordo de tudo o que ele falou. Não é porque ele não acredita em amor gay e em família gay, adoção, que isso não exista e muitas famílias gays vivam muito bem assim. Seja com os filhos que tiveram de seus primeiros casamentos heterossexuais, seja adotados, o que é ótimo. A sociedade está avançando, gays não precisam viver nesse mundo obscuro e escondido que esse senhor falou, discordo de tudo. E muito me surpreende esse blog concordar com o que ele falou sobre os gays. Praticamente um atestado de desqualificados socialmente e despreparados para o amor e a família. Nasci em 1990 e acredito em amor e família. Nem que seja somente eu e meu marido. Texto horrível, arrogante, egoísta e de uma falta de amor incrível.

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    1. Pelo que li o autor não mostra a não existência de famílias homo-afetivas e relações afetivas duradouras entre gays. Ele apenas recita que para ser feliz os gays não precisam necessariamente se casar e ter filhos. Cada qual com a sua opinião.

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  4. Texto sábio, sóbrio e realista, afinal a maior ilusão dos gays é pensarem que estão em condição de igualdade com os heteros no quesito casamento, família e filhos… por mais que a mídia, a cultura gay contemporânea e o politicamente correto pregue o contrário. Sou homossexual e me dei o direito de ser sozinho, não me assumir publicamente como gay e viver assim pro resto de minha vida, consciente das consequências de minha escolha.

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  5. Nossa, que pessimismo. Eu penso completamente diferente, achei este senhor um pouco egoísta e frustrado.

    Acabou com meu dia, esse texto.

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  6. Regis

    Me parece que são afirmações de uma pessoa sem esperança, ou machucada pelas decepções do caminho, eu espero não estar cometendo nenhuma asneira ou injustiça, mas veja:

    1) Independente de qualquer classificação, acredito que muitas pessoas acreditam no amor.

    2) Independente de qualquer outra coisa, muitas pessoas querem “morar junto” para compartilhar a vida, minha vida, sua vida é igual nossa vida.

    3) Independente de qualquer coisa, só porque eu gosto de homem, nunca poderei adotar uma criança e dar meu carinho a ela, dar meu amor, ensinar, cuidar, assistir ela crescer. Só os heteros sabem criar filhos próprios ou adotivos?

    4) Voltando a falar de filhos. SE os heteros realmente soubessem criar filhos, o mundo seria diferente.

    5) Voltando a falar de filhos. Ninguém realmente sabe criar filhos, SE os heteros erram tentando, eu também quero tentar, mesmo correndo o risco de errar.

    6) Não é questão de casamento gay não ter vida longa, tenho amigas e parentes já com 3 divorcios nas costas, o casamento mais longo foi de 5 anos, todo mundo quer que dure para sempre, mas nem sempre dura.

    7) Sobre o gay “se achando” dono do outro. Olha, neste quesito eu conheço muitas mulheres que “se acham” donas dos maridos. Isso não é problema gay, é problema das pessoas, umas se acomodam, outras se acovardam, outras se sujeitam e assim vai.

    8) Voltando a falar de “dono do outro”, tive dois casamentos, me senti oprimido muitas vezes, pelas duas mulheres. eu sou da paz, não brigo, sou do tipo pacifico (ou passivo) como falam. SE eu encontrar um namorado do tipo “mandão” e gostar dele, qual a probabilidade de ele se sentir “dono” de mim? Muita!!! eu é que tenho que mudar, senão vou continuar sendo judiado ou por mulher ou por homem!!!

    Bom, é isso, desculpe o desabafo, espero não ter passados das medidas.

    Pedro santos

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  7. gostei em partes da opinião do seu amigo, mas eu creio no amor entre iguais e se adotamos filhos é porque os heteros os abandonam. eu to chegando aos 40 e numa paz incrivel diferente dos 30 que foi uma luta interna e mesmo apesar de todos os percalços valeu a pena.

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  8. O amor, sem dúvida, melhora a vida de qualquer pessoa!!! Quem me dera eu ter meu amor de volta… como eu seria mais feliz!

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  9. Nossa, achei meio forte…. a opinião dele, mas respeito, mas não concordo com tudo, há excessões se acharmos um companheiro que te faça feliz e que realmente se de bem acho que vale a pena pensar num futuro, a solidâo sempre é ruim….

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