Reflexões de um gay maduro sobre a velhice

Os gays enfrentam desafios particulares à medida que envelhecem.

No Brasil ainda não há qualquer preocupação da sociedade e de organizações LGBT quando se trata da velhice dos gays, salvo raras exceções. Numa sociedade machista e retrógrada a velhice gay ou hetero, não importa muito a ninguém.
Você vê isso todos dias, nas ruas, nos jornais, na televisão e na Internet.

Essa situação se confirma toda vez quando fazemos aniversário porque os anos passam rapidamente,um década parece um ano e um ano parece um mês.
A velhice está no fim do túnel à sua espera e você não tem como fugir dela, a não ser que seu destino é ser star, como Cazuza, Renato Russo ou Michael Jackson.

A volta ao armário é inevitável, se é que você já não esteve dentro dele a vida inteira e a maioria passa seus últimos anos de vida sozinho.

Manter relacionamentos casuais depende muito da vontade de parceiros para uma sessão de sexo, relacionamentos estáveis já não são tão fáceis, fazer amizades fica cada vez mais difícil e muitos gays se conformam com poucos amigos, mais como um benefício do que um direito.

Os gays com condições econômicas favoráveis vivem situações não menos semelhantes, mas sabem das dificuldades de estabelecer relacionamentos neste momento da vida, mas ficam ansiosos para encontrar companheiros com um espírito compatível, senão para o sexo pelo menos com alegria social e intelectual.

Se o gay não tem uma condição econômica favorável, aí é que os problemas são maiores, porque além da solidão ele tem que conviver com freqüentes isolamentos nas intermináveis filas dos serviços médicos e sociais – tudo isso é muito triste!

E não pense você que isso é privilégio dos gays brasileiros, isso acontece em países desenvolvidos, como Canadá e Estados Unidos, mas lá existe uma coisa que por aqui ainda ninguém pensou.
São voluntários que trabalham com instituições de caridade gay – isso mesmo! Caridade! e prestam serviços médicos, psicológicos e de advocacia, além de ajuda humanitária, quanto à moradia, vestuário, remédios e alimentação.

Imagine você com 65 anos de idade, gay e sozinho? A probabilidade de você se dar bem é muito pequena e você perceberá que aqueles amigos que ferviam todas as semanas nos bares e boates sumiram. E aí, você vai fazer o que?

Eu sei que esse tema não é nada agradável, mas eu tento aliviar e não ir tão fundo para não deixar você ainda mais tedioso e desesperançoso.
Infelizmente nem tudo são flores e temos que falar dessas coisas, porque é assim que começamos a refletir sobre a nossa própria vida e não a vida dos outros.

Ainda há esperança de dias melhores e tudo depende muito mais de você que é gay do que de qualquer heterossexual, autoridade ou organização.

Faça uma reflexão sobre como você se comporta com os gays mais velhos ou mais idosos e tente se imaginar no lugar deles, porque se você ainda não chegou, pode ainda ter a sorte de chegar à velhice.
Qualquer hora é hora de parar e refletir sobre essas questões porque você é tão gay quanto qualquer outro gay que chegou, como direi: na melhor idade e isso deveria ser um prêmio especial e não um “presente de grego”.

3 comentários em “Reflexões de um gay maduro sobre a velhice

  1. tenho 34 anos e estou bem finaceiramente e ando pensando muito sobre a velhice, sou solteiro e nao vejo solução, quero achar alguem e nao consigo. ta dificil mesmo, quando penso que achei alguem, essa pessoa se mostra apenas interessada no dinheiro e pronto. serio nao sei o que fazer.

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  2. Realmente a velhice não é fácil, pior ainda quando não nos preparamos para tal, tanto em termos de saúde como em relação a recursos financieros, este para mim não será o problema, o pior mesmo é a falta de companhia, tem tanta gente sozinha, porque não se acha essa gente, qdo. ainda estão bem, não querem compromisso, só querem é saracotiar, depois qdo. não dão para mais nada, ficam aí se queixando, eu desde novo sempre lutei para conseguir uma companhia, sempre gostei de mais velhos, hoje já com uma idade já beirando os cincoenta, e ainda continuo sozinho, qdo encontro alguém, sempre tem um problema, moram longe, em fim sempre tem uma desculpa, também é dificil para todo mundo, sejam mulheres, heteros, seja qual for, as pessoas tão nessa on-line, e dizem que não se sentem sozinhas, eu confesso que nada substitui o vivo e a cores. Espero um dia encontrar alguém e me tornar um ótimo companheiro e vice-versa, afinal, tamos aí pra isso. Um abraço.

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    1. Boa tarde Edison… Concordo plenamente com o que você escreveu. Tenho 40 anos, tive um único relacionamento que durou 17 anos. Estou à procura de uma pessoa, mas está cada vez mais difícil… A maioria quer somente ter uma transa e se dar bem em termos financeiros… Que me desculpem a sinceridade.
      Acontece que depois de uma certa idade nós nos tornamos mais seletivos, mas também espero encontrar uma pessoa legal, meu companheiro ideal.

      Forte abraço!

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